Nem sempre é simples separar a fronteira entre realidade e ficção no cinema, especialmente em produções que se inspiram em eventos históricos. Obras que tratam de guerras ou da experiência de imigrantes muitas vezes despertam a dúvida sobre o quanto retratam fatos e o quanto se apoiam na imaginação de seus criadores.

O Brutalista, indicado ao Oscar e já disponível no Prime Video, é um desses filmes que levanta esse questionamento. A trama acompanha László Tóth, arquiteto húngaro sobrevivente do Holocausto, que emigra para os Estados Unidos e precisa reconstruir sua vida em meio às marcas da guerra.

Entre ficção e realidade

Segundo o professor de história judaica Michael Berkowitz, em entrevista à BBC, O Brutalista é “em certos aspectos, mais histórico como peça de ficção do que muitos relatos que se pretendem factuais”. Ele destacou como o longa aborda a presença marcante do antissemitismo nos Estados Unidos da década de 1940, um tema que raramente aparece em filmes ambientados nesse período.

Esse detalhe reforça o caráter histórico da obra, mesmo não sendo uma adaptação literal de acontecimentos reais. O percurso de László representa uma coletividade, reunindo memórias, traumas e esperanças que eram comuns a muitos sobreviventes do Holocausto ao chegarem à América.

A conexão pessoal de Adrien Brody

Adrien Brody, protagonista do filme, também encontrou no papel uma ponte com sua própria história familiar. O ator contou à BBC que conseguiu se identificar com a trajetória de László porque parte de sua família passou por situações semelhantes. Sua mãe e seus avós fugiram das dificuldades da guerra e imigraram para os Estados Unidos nos anos 1950, em busca de segurança e de uma vida melhor.

Brody destacou ainda que esse passado não apenas aproximou sua vida pessoal do personagem, mas também influenciou sua visão artística. Para ele, o desejo de deixar um legado com seu trabalho ecoa tanto em sua trajetória quanto na de László, criando uma sobreposição entre vida e ficção que dá mais profundidade à atuação.

Um filme que reflete verdades

Embora O Brutalista não seja baseado em uma figura histórica específica, ele se apoia em fatos e sentimentos reais para construir sua narrativa. O longa mostra de maneira contundente os desafios enfrentados por imigrantes, o peso da memória do Holocausto e as barreiras impostas pelo preconceito. Ao mesmo tempo, abre espaço para refletir sobre o poder da arte como instrumento de resistência e reconstrução.

Dessa forma, o filme mistura invenção e realidade para oferecer ao público uma experiência que vai além da ficção, permitindo enxergar em László Tóth um retrato simbólico de milhares de pessoas que viveram dramas parecidos. Essa fusão também torna a obra relevante historicamente.

Disponível no Prime Video, O Brutalista é uma oportunidade de conhecer uma narrativa que, mesmo partindo da imaginação, se ancora em verdades históricas e pessoais.

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