A prévia da inflação oficial de novembro, divulgada ontem, é mais um alerta para o governo no que tange à economia. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,62% em novembro, acima da expectativa do mercado, que projetava alta de 0,48%.

O índice foi puxado pelo grupo de alimentação e bebidas. Os números refletem a realidade encontrada pelo cidadão no dia a dia. Em Belo Horizonte, a carne e os combustíveis foram os principais responsáveis pela alta da inflação acumulada nos últimos 12 meses.

A alta na prévia da inflação revela um impacto direto no custo de vida, afetando especialmente os mais pobres e a classe média. Para os mais vulneráveis, que já destinam grande parte de sua renda a necessidades básicas, qualquer aumento nos preços significa menos comida na mesa ou dificuldade para pagar contas essenciais. A classe média, por sua vez, enfrenta o desafio de manter seu padrão de vida enquanto vê seu poder de compra encolher. Essa escalada gera um efeito em cadeia, reduzindo o consumo, freando a economia e ampliando a desigualdade.

Atualmente, a meta de inflação para 2024 estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Contudo, o índice acumulado ao longo do ano está acima dessa meta, o que acende um alerta justificável sobre a necessidade de ajustes na política monetária.

O IPCA de novembro vem para lembrar que a pressão inflacionária está em alta, o que pode levar a novos ajustes na taxa Selic ao longo das próximas reuniões do Copom.

Só a elevação de juros, porém, não será suficiente para arrefecer o aumento de preços. O governo federal deve controlar os gastos e demonstrar compromisso com o arcabouço fiscal. 

Fica cada vez mais injustificável a demora do governo federal na conclusão do plano de corte de gastos. Parece ignorar os impactos políticos e econômicos da subida de preços.