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Choque de realidade na saúde mental

Problemas psiquiátricos sem o devido tratamento colocam em risco a vida do paciente e de outras pessoas, como parece ser o caso noticiado ontem em BH

Por Editorial O TEMPO
Publicado em 22 de maio de 2024 | 07:01
 
 
 

As imagens de uma mulher, possivelmente em surto psicótico, empurrando pessoas em ruas de Belo Horizonte, ontem, são chocantes e ilustram o triste quadro do atendimento à saúde mental no Brasil.

Problemas psiquiátricos sem o devido tratamento colocam em risco a vida do paciente e de outras pessoas, como parece ser o caso noticiado ontem na capital mineira. A mulher que agrediu pedestres em BH teria esquizofrenia, mas abandonou o tratamento, segundo informações obtidas pela reportagem junto à PBH.

Atualmente, o Brasil conta com 2.795 Centros de Atenção Psicossocial (Caps) em todos os Estados e no Distrito Federal. Além de a quantidade ser insuficiente, esses equipamentos públicos sofrem com a falta de especialistas. O atendimento precário dificulta a adesão do paciente ao tratamento.
O atendimento particular não é acessível para grande parte da população e também vem enfrentando pressão nos últimos anos. Segundo o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (Iess), consultas com psiquiatras tiveram crescimento de 44,5% em cinco anos no Brasil. O número de consultas subiu de 3,4 milhões para 4,9 milhões.

Investir na expansão e melhoria do atendimento psiquiátrico no SUS beneficia não apenas a saúde das pessoas, mas a produtividade e o desenvolvimento social e econômico do país. Estudos mostram que transtornos mentais representam uma carga significativa para a economia, devido à queda da produtividade no trabalho, ao absenteísmo e aos custos relacionados às complicações das doenças.

A alta demanda mostra que a saúde mental tem sido um tema mais recorrente na sociedade, mas ainda é coberto por estigmas. O caso de ontem em Belo Horizonte, por exemplo, é cercado por comentários nas redes sociais que revelam a ignorância e o preconceito de parte da população sobre o tema. Um passo importante é gestores e sociedade reconhecerem que os transtornos mentais podem afetar qualquer pessoa, independentemente de sua idade, gênero, etnia ou classe social.

 

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