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EDITORIAL

Adoecimento da segurança pública

O preconceito com os transtornos mentais presente na sociedade é potencializado no exercício de um trabalho do qual se espera força e estabilidade física e emocional

Por Editorial O TEMPO
Publicado em 24 de maio de 2024 | 07:00 - Atualizado em 24 de maio de 2024 | 07:19
 
 
 

O crescimento repentino de casos de suicídio de servidores da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) não pode ser visto como caso isolado. O contexto de adoecimento mental dos policiais é bem detalhado na reportagem de Isabela Abalen e José Vítor Camilo em O TEMPO de ontem.

As demandas da categoria por melhoria salarial se destaca, mas devem ser observadas também as condições de trabalho. Há denúncias de assédio moral, o que impacta fortemente a saúde mental de quem é vítima.

O ambiente ideal para o desenvolvimento do trabalho deve ser prioridade do governo estadual e da chefia das corporações, com medidas que foquem a prevenção, a identificação e o tratamento.

Os sindicatos também desempenham papel importante no acolhimento das demandas por parte dos servidores. 

O governo de Minas e as polícias militar e civil possuem políticas de amparo à saúde mental. Entretanto, os casos de adoecimento e as queixas têm sido recorrentes no noticiário. A hierarquia rígida própria das instituições talvez impeça que parte dos casos venham à tona. Aqui mora o perigo do tabu e do silenciamento.

Os protocolos de abordagem da saúde mental nas forças de segurança merecem ser fortalecidos, incluindo a participação de servidores, independentemente do cargo que ocupam na carreira policial.

O preconceito com os transtornos mentais presente na sociedade é potencializado no exercício de um trabalho do qual, idealmente, se espera força e estabilidade física e emocional. Publicação recente do governador Romeu Zema nas redes sociais ilustra esse estigma. A mensagem divulgada pelo chefe do Executivo em seu Instagram dizia que “sofrer sem reclamar é a única lição que devemos aprender na vida”.

É inevitável que a sociedade perceba o desgaste das tropas na prestação do serviço de segurança no dia a dia. A falta de estrutura e recursos humanos é sentida na hora do atendimento de uma ocorrência ou em uma investigação criminal. No fim, o prejuízo é compartilhado por toda a comunidade. 

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