O tradicional clima boêmio do bairro Santa Tereza está sendo ofuscado por uma guerra do tráfico. A pacata região, nos últimos dias, registrou morte e ameaça a comerciantes, como vem noticiado O TEMPO.
Alguns bairros de Belo Horizonte começam a assistir ao domínio do tráfico nos moldes de regiões de capitais como Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). As autoridades mineiras, assim como todos os Estados, não podem permitir que o território e as pessoas sejam captadas pelo crime.
Em Minas o tráfico vem avançando, como mostram os números do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. No ano de 2022, foram registradas 131,8 ocorrências de tráfico de entorpecentes por cada grupo de 100 mil habitantes no Estado. Em 2011, a taxa era de 105 mil.
O tráfico é o início e o fim de uma imensa cadeia criminosa que envolve homicídio, sequestro, roubo e outros crimes contra a vida e o patrimônio. Exemplo disso é o novo cangaço, que frequentemente aterroriza cidades do interior do Estado com roubos a banco, que financiam as organizações criminosas.
Nessa perversa linha produtiva, as vítimas são geralmente jovens. São histórias encerradas, famílias enlutadas e perdas financeiras para a sociedade. O Brasil perde cerca de R$ 550 mil para cada jovem de 13 a 25 anos vítima de homicídio, de acordo com estudo publicado em 2018 pela Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo federal.
Em aglomerados como Cabana e Serra é comum ver, à luz do dia, jovens atuando em diversos níveis da hierarquia do tráfico, os quais podem vir a engordar essa estatística.
Não há solução simples para quebrar esse ciclo. Mas alguns caminhos são fundamentais, como a presença forte do Estado nas comunidades não só por meio da polícia, mas de equipamentos públicos na área da educação e do lazer.
Outra frente essencial de batalha é o enrijecimento das leis e o investimento em inteligência policial, para que a prática do crime seja punida exemplarmente.