Editorial

Crédito aos pequenos

Burocracia emperra financiamento de bancos a microempresas


Publicado em 18 de maio de 2020 | 03:00
 
 
 
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A atividade econômica sentiu o duro golpe da pandemia, encolhendo 5,9% em março. Uma queda especialmente dolorosa para o varejo, que despencou 13,7%. Recuperar-se não será fácil, ainda mais para as micro e pequenas empresas, responsáveis pela geração de um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

No ano passado, os pequenos negócios somavam mais de 12 milhões de CNPJs e respondiam por mais da metade dos empregos no país. Com a intempestiva chegada do coronavírus, estima-se que não menos que 9 milhões de seus empregados tenham sido dispensados.

Essas empresas penam com os efeitos do isolamento social, da diminuição do consumo e da queda da confiança da população na economia. Mas, a piorar o cenário, não conseguem acessar o crédito que lhes permitiria sobreviver à crise e contribuir para a recuperação.

Não que falte dinheiro. Segundo a Federação Brasileira dos Bancos, houve um crescimento de 40% dos recursos liberados em relação ao ano passado. Dos R$ 326,7 bilhões disponibilizados pelas instituições financeiras em empréstimos, menos de um décimo efetivamente chegou às micro e pequenas empresas.

Muitos empresários se queixam que as instituições lhes negam o dinheiro ao impor exigências como ter folha de pagamentos de pessoal no banco, suspender demissões e comprovar inexistência de débitos com o INSS. Mas, quando toda essa gincana é cumprida a contento, a liberação do financiamento ocorre de forma tão lenta que não chega a tempo de salvar o negócio.

É crucial fazer com que o crédito disponível chegue com urgência e no volume necessário também para as micro e pequenas empresas. Sem isso, o que se estará sufocando é a possibilidade de todo o país sair da crise e construir um futuro.

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