Desafio da educação

Hoje, os estudantes da rede municipal de ensino de BH retornam às aulas. Inicialmente, de forma remota e com ajustes no conteúdo curricular para tentar superar as perdas provocadas pela interrupção forçada – e se espera que em março presencialmente. Trata-se de um grande desafio.

Para o poder público, é preciso oferecer condições pedagógicas e de segurança para um sistema que soma mais de 168 mil estudantes – se considerada a educação infantil e os ensinos fundamental, médio, especial e de jovens adultos – em meio à segunda escalada radical da pandemia do coronavírus. 

Numa situação como essa, a educação a distância é uma solução lógica, mas não sem obstáculos em um país onde um em cada quatro brasileiros não tem acesso à internet, como revela a Pnad do IBGE. Nem por isso, o desafio deve ser dado como intransponível e abandonado.

Tecnologia e ensino possuem uma dinâmica perversa. O Instituto de Mobilidade e Desenvolvimento Social, do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, constatou que, dos lares chefiados por pais sem instrução, 55% não têm acesso à internet. O que acarreta um círculo vicioso no qual não se estuda por falta de tecnologia e não se tem tecnologia por falta de estudo.

Além dos recursos digitais, a capital também disponibiliza material impresso para que os alunos dessas famílias possam seguir seus estudos e romper essa barreira à mobilidade social até que haja segurança para todos voltarem às aulas presenciais. As atuais taxas de contágio e de ocupação das UTIs indicam que o risco ainda é alto.

A vacinação começou, e, espera-se, em breve chegará o momento em que esses jovens poderão voltar às escolas e se preocupar em construir o futuro em vez de especular se estão com a própria vida e a de seus familiares em perigo.