A reportagem “Tempo de Envelhecer”, no caderno Mais Conteúdo, aponta os desafios do Brasil a partir do aumento da expectativa de vida da população. O Estado tem o dever de garantir a dignidade e a qualidade de vida aos idosos.
A parcela da população em idade avançada, que em 2012 era de 11%, hoje representa 15%, de acordo com o Censo 2022, e o número de geriatras para atender essa população é escasso. A média é de um especialista para cada 24 mil idosos, sendo que a recomendação da Organização das Nações Unidas é de um para cada mil idosos.
O Alzheimer é uma das principais causas da demência. Por isso, é fundamental o diagnóstico precoce, algo que demanda uma equipe multidisciplinar composta por neurologista, geriatra, cuidadores, enfermeiros, entre outros. Uma missão praticamente impossível na rede pública de saúde. Cerca de 40% dos idosos do país dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS), segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).
A negligência leva sofrimento ao idoso e à sua família, além de acarretar gastos públicos. Cada paciente gasta por mês, em média, U$ 1.379, o que equivale a R$ 6.798. Um caso clássico de que é melhor prevenir do que remediar, e a prevenção começa já nas idades iniciais de desenvolvimento. Um dos fatores de risco para o surgimento de demências é a baixa escolaridade, como aponta estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
A experiência internacional aponta caminhos para a melhoria da qualidade de vida da população idosa. Países europeus e asiáticos são comumente citados quando o assunto é envelhecimento com qualidade, mas a América do Sul tem o Chile como exemplo. Em 2011, o país começou a concentrar esforços na prevenção e no diagnóstico precoce de doenças relacionadas à idade.
Diante disso, o Brasil não pode demorar a adotar políticas de bem-estar para os idosos, não só na área médica, mas também no que diz respeito ao combate à desigualdade social.