Direitos humanos

Governos populistas estão chegando ao poder em vários países, “espalhando ódio e intolerância”, afirma relatório da organização internacional Human Rights Watch (HRW), divulgado nessa quinta-feira (17). Entre esses países, a ONG coloca o Brasil, ao lado de EUA e Rússia.

O documento relata a situação dos direitos humanos em mais de cem países. Sua divulgação coincide com a ascensão, no Brasil, de um novo governo, identificado também como populista e que tem, entre seus objetivos, o combate à criminalidade e à corrupção.

Ao lado da recessão, a criminalidade e a corrupção são apontadas pelo estudo como fatores que favorecem o surgimento de políticos críticos do establishment, que conquistam apoio popular e, por meio de eleições livres e democráticas, os governos e o Estado.

Como diz o senador Cristovam Buarque, aqui ao lado, “o povo sempre tem razão, mas nem sempre está certo”. As mazelas apontadas pelo relatório da HRW constituem uma herança recebida pelo governo de administrações passadas, algumas bem antigas.

Os direitos humanos continuam a ser desrespeitados nas prisões, quando as polícias cometem abusos, homicídios não são esclarecidos, a imprensa sofre ameaças, conflitos explodem pela terra e pelo meio ambiente, há violência doméstica e discriminação por orientação sexual.

O Brasil se defronta, há décadas, com esses problemas, sem sucesso. Ao contrário, eles só têm se agravado. Agora, governo e população acreditam que seja possível enfrentá-los por meio de um endurecimento nas leis e nos costumes, colocando o país nos eixos.

Não será por aí. As ondas autocráticas passam. O Brasil é muito diverso para ser contido numa camisa de forças. Intolerância e ódio só vão produzir mais violência. O combate à criminalidade e à corrupção só será bem-sucedido se feito dentro da legalidade.

A HRW constitui uma referência que os governos não podem ignorar.