A parceria entre iniciativa privada e universidades públicas possibilitará ao país dar um salto no tratamento e diagnóstico de doenças. Detalhado no início da semana passada, o estudo DNA do Brasil fará o sequenciamento de material genético de 15 mil pessoas. Atualmente, 80% dos trabalhos do gênero são realizados na Europa, o que significa dizer que medicamentos e terapias de novíssima geração para doenças como diabetes e Alzheimer são desenvolvidos para uma população quase homogênea, que não dá conta da diversidade de características étnicas e regionais dos brasileiros.

Minas Gerais terá 3.206 voluntários analisados, a segunda maior amostra populacional da pesquisa. Trata-se de um desdobramento do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa), desenvolvido desde 2008 pela Universidade de São Paulo em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e outras quatro instituições de ensino superior.

A diversidade genética é um dos desafios ao avanço da chamada “medicina de precisão”, baseada na investigação dos componentes do DNA do paciente para definir a melhor estratégia de prevenção e tratamento das doenças. Até este estudo, o Brasil – país com uma das mais plurais composições da população pela elevada representatividade residual de genes indígenas, afrodescendentes e caucasianos – era uma lacuna nessas pesquisas.

Com os 75 trilhões de bytes de informação coletados na pesquisa DNA do Brasil – o equivalente a um terço do acervo total da Biblioteca do Congresso dos EUA–, a indústria farmacêutica terá condições de aperfeiçoar a medicina de precisão genômica para além dos limites da Europa e da América do Norte e atendendo a realidade e as necessidades da população brasileira.