Um momento de reflexão sobre racismo e desigualdade começou a ser desencadeado no país a partir da morte brutal de João Alberto Freitas, negro, em Porto Alegre. E, diferentemente das outras vezes em que crimes como esse repercutiram nacionalmente, grandes grupos empresariais e de negócios estão se envolvendo nas ações de conscientização.

Um grupo de 12 empresas, que inclui gigantes como Coca-Cola, Pepsico. Danone, Nestlé e outras assinou um termo público no qual o primeiro compromisso é assumir a existência de que o racismo é uma realidade no Brasil e que, todos os dias, atos e atitudes perpetuam o preconceito, a exclusão, a desigualdade e a violência na sociedade.

Não foi um ato isolado. O Carrefour, rede proprietária do estabelecimento no qual João Alberto foi assassinado, anunciou a criação de um fundo de R$ 25 milhões para o combate ao racismo. E outras empresas varejistas, como os grupos Bis e GPA (Pão de Açúcar e Extra) também se comprometeram com ações contra o preconceito racial no Brasil.

São louváveis todas as atitudes para romper esse ciclo daninho, mas ainda será necessário muito esforço para romper essa cultura entranhada no país. Basta lembrar como a proposta de um programa de trainee exclusivo pelo Magazine Luíza foi atacado e contestado sob o enganoso rótulo de “racismo reverso”.

No país, os negros ainda recebem salários 74% menores do que o dos brancos, em média, e têm taxas de desemprego 71% maiores. Afrodescendentes não chegam a 5% do quadro executivo e do conselho de administração das empresas e mal formam um terço do quadro gerencial delas. Romper essa realidade deve ser o caminho de todos para uma sociedade mais igual e justa.