Respirar, para a maior parte das pessoas, é um ato sobre o qual não se pensa. É natural, sem isso não se vive. Mas, para 339 milhões de pessoas em todo o mundo, cada aspiração completa e desobstruída é uma bênção dos deuses. São pessoas que têm asma e que, graças aos avanços da farmacologia, podem levar uma vida natural graças ao uso de medicamentos.
Ontem, na sequência do Dia Mundial da Asma, foi lançada a campanha #AtualizaAsma para atualizar os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas de prescrição de tratamentos para os pacientes do SUS, o que não é feito desde 2013. Estima-se que um em cada cinco brasileiros abaixo dos 18 anos seja asmático.
O ator Paulo Gustavo, morto devido a complicações da Covid-19 na quarta-feira, há um ano havia revelado temor de contrair o coronavírus por ter um histórico de asma, ainda que sob controle. Esse fato despertou a atenção para essa doença respiratória.
Segundo a Iniciativa Global para a Asma, apenas 12,3% dos pacientes estão com a doença controlada, algo que não é fácil: em sua campanha, a Associação Brasileira de Asmáticos calcula que o custo do tratamento pode chegar a R$ 10 mil e que os pacientes procuram hospitais com até 15 vezes mais frequência do que os portadores de outras doenças.
Nos dez anos que se passaram desde a última atualização do protocolo, novas medicações, mais eficientes e adequadas às realidades dos pacientes foram introduzidas no mercado e podem garantir mais segurança e qualidade de vida aos asmáticos, mas, infelizmente, ainda não fazem parte da realidade do sistema público de saúde. Corrigir essa distorção é um ato de defesa à vida e de respeito a um grupo de atenção que agora está começando a ter acesso à vacina contra a Covid-19.