O alerta do Ministério da Saúde de que os casos de coronavírus vão crescer exponencialmente nas próximas duas semanas e meia e, depois, estabilizar no pico por mais oito semanas expõe o grande teste que o sistema de saúde brasileiro enfrentará. A pandemia, declarada oficialmente ontem pela OMS, ocorre justamente em um período do ano em que, normalmente, outras doenças, como dengue, zika, chikungunya e gripe, começam a ganhar força.

Cerca de uma quinzena após a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no país, o número de pacientes infectados cresceu até 36% em apenas um dia, e, até a terça-feira, somente três Estados não possuíam registros da doença.

No início da semana, uma paciente do Distrito Federal havia sido transferida de um hospital particular para o centro de referência do Sistema Único de Saúde (SUS), o que foi considerado “inadmissível” pelo secretário executivo da pasta.

Agora, os papéis das redes pública e privada estão sendo mais bem definidos, inclusive com a regulamentação da ANS para que planos de saúde cubram a despesa com exames do coronavírus. O ministério acredita que nove em cada dez casos do coronavírus – os considerados mais leves – poderão ser atendidos pela rede de 42 mil postos de saúde. E o SUS arcará com as despesas com internações, poupando Estados e municípios desse gasto. Para os mais graves, já começaram os acordos com a rede particular para a disponibilização de leitos emergenciais.

Até o momento, segundo o ministro Luiz Mandetta, a pasta está suportando os gastos do combate ao vírus com recursos próprios. Mas ele não descarta recorrer ao Congresso por créditos suplementares, demonstrando que, diante da emergência, negociação e diálogo são tão essenciais quanto remédios.