A persistência das altas taxas de desemprego e o envelhecimento da população fizeram o país atingir um novo recorde no ano passado: a contratação de R$ 138,7 bilhões em empréstimos consignados por aposentados e pensionistas.
O crescimento da modalidade de empréstimos com desconto direto nos benefícios pagos pela Previdência é outra face da realidade de um país em que 5,7 milhões de lares são sustentados por uma pessoa com mais de 65 anos que já deu sua contribuição ao mercado de trabalho.
Muitos desses empréstimos servem na prática para quitar dívidas dos membros mais novos.
A prolongada estagnação econômica, da qual o país dá os primeiros passos para tentar escapar, deixou um saldo de 11,6 milhões de desempregados. E os índices de desocupação se mostram mais cruéis quanto mais jovem é o trabalhador.
O país fechou o ano passado com uma taxa média de 11,8%, mas, quando se recorta a estatística do IBGE para o grupo entre 18 e 24 anos, revela-se que o índice de desemprego chega a 25,7% nessa faixa etária. Assim, o grupo que deveria começar a assumir as despesas familiares segue dependente justamente daqueles que deveriam estar recebendo amparo.
Essa distorção produz uma economia paralela, que drena os rendimentos da terceira idade. Em termos de comparação, o volume de dinheiro liberado nos consignados é mais que suficiente para cobrir os investimentos de R$ 100 bilhões que a consultoria Diamond Mountain estimou serem necessários, num prazo de dez anos, para que o SUS ofereça atendimento adequado à população idosa.
E – não só isso – a ilusão de juros mais baixos (que na verdade chegam a 22% ao ano, enquanto a Selic é de 4,25%) expõe aposentados e pensionistas aos perigos do endividamento e da inadimplência.