Editorial

Pare o ódio

Grandes empresas se unem contra assédio e discriminação nas redes sociais


Publicado em 03 de julho de 2020 | 03:00
 
 
 
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O boicote de anúncios das grandes empresas em redes sociais, especialmente Facebook, Twitter e Snapchat, mostra que o mundo empresarial acordou para uma pandemia tão contagiosa e letal quando a Covid-19: os discursos de ódio na internet. A campanha #stophateforprofit (em tradução livre “pare o ódio em nome do lucro”) já provocou perdas de mais de US$ 50 bilhões para a empresa de Mark Zuckerberg em duas semanas e a concessão de várias outras redes para maior controle à prática.

A pesquisa Ódio Online e Assédio, realizada pela Liga Antidifamação (ADL), mostra que quatro em cada dez norte-americanos foram vítimas de algum tipo de abuso na internet por serem LGBTI, judeu, negro, mulher, islâmico, latino ou pertencer a algum outro tipo de minoria.

Apesar de a campanha ter ganhado força com os protestos resultantes da morte de um homem negro por um policial branco em Minneapolis em maio, o discurso de ódio é um mal mais antigo e culturalmente introjetado do que isso. Uma pesquisa realizada pelo Pew Research Group em 2015 revelava que um terço da população mundial acreditava que as pessoas deveriam poder fazer comentários ofensivos publicamente às minorias. Nos EUA, esse índice chegava a 67%.

Agora, mais de 500 empresas, como Coca-Cola, Ford, Adidas, Unilever e Microsoft, estão cortando verbas publicitárias para forçar a adoção de regras claras nas redes sociais para controlar o discurso de ódio.

Apesar de as receitas publicitárias de Facebook e Twitter serem muito diversificadas, o boicote reforça as ações individuais que ganham o mundo e ajudam a pressionar mudanças de legislação pelo mundo – como está ocorrendo no Brasil com a Lei das Fake News – e construir um ambiente menos tóxico na internet e mais seguro na sociedade.

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