O desabamento de um morro em Ouro Preto, na semana passada, transformou em pó dois casarões que eram parte do patrimônio histórico, cultural e arquitetônico no Estado. Uma perda imaterial que se soma às perdas humanas e ambientais registradas no período de chuvas do início deste ano. São deslizamentos que acabam com histórias e vidas em uma fração de segundos, mas são cultivados ao longo de anos sob a negligência do poder público.

O lamentável ocorrido na última semana alerta para a urgência de um plano para a prevenção de acidentes do tipo nas cidades históricas de Minas Gerais. A tendência é que as mudanças climáticas intensifiquem períodos chuvosos como o recente. Chuvas fortes somadas à característica geológica desses municípios colocam em risco não só as edificações, mas vidas humanas. 

Nessa corrida contra o tempo, é fundamental a capacitação de servidores e o fortalecimento dos órgãos de preservação. Só assim é possível identificar e eliminar riscos com rapidez. 

No caso de Ouro Preto, uma agente da Defesa Civil evitou o pior e evacuou o local, evitando que pessoas fossem atingidas. É um exemplo de medida emergencial que não precisaria ter sido aplicada se as medidas preventivas tivessem sido adotadas há anos. 

A imagem de Minas tem sido maculada por tragédias que se acumulam recentemente e incluem o rompimento de barragens, alagamentos e deslizamento de encostas. É hora de levantar a discussão sobre o que foi feito ou deixou de ser feito para que o Estado chegasse a essa situação. O momento também é propício para discutir formas de responsabilizar os gestores que foram negligentes ao longo dos anos. Caso contrário, toda a população vai pagar caro pela impunidade de alguns.