Em meio às incertezas sobre o comando da Petrobras, em uma intensa queda de braço no Palácio do Planalto, o mercado vê a cotação internacional do petróleo e a variação do dólar pressionarem cada vez mais um reajuste dos combustíveis.
Técnicos da Petrobras estimam uma desvalorização da gasolina em 15% em relação aos preços internacionais. Já a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis aponta defasagem maior (18%) para a gasolina e de 13% para o diesel.
Essa é uma movimentação que gera um dilema que precisa ser enfrentado com foco e seriedade. Por um lado, as estimativas de inflação no boletim Focus, do Banco Central, subiram para 3,76% neste ano e 3,53% em 2025. Assim, um ajuste dos preços dos combustíveis poderia impactar toda a cadeia produtiva e impulsionar essa tendência para patamares ainda maiores.
Por outro lado, a retenção artificial dos preços pela Petrobras tem impactos na arrecadação. Por exemplo, entre 2008 e 2012, quando houve uma contenção dos preços da gasolina e do diesel pela empresa, a quebra no recolhimento de impostos incidentes nas atividades relacionadas à petrolífera foi de 31,6%. E desde dezembro não há mudanças no preço do diesel nas refinarias. No caso da gasolina, não há desde outubro do ano passado.
Como a política de paridade de importação, implantada no governo Temer, foi extinta e substituída pela chamada “estratégia comercial”, de critérios menos transparentes, o papel da liderança atenta às implicações de mercado e orçamentárias cresceu enormemente.
Contudo, o que se tem visto nos últimos meses é uma pressão cada vez maior de alas intervencionistas sobre a empresa, que é de capital privado, e mais evidência aos interesses partidário-eleitorais do que à realidade econômica do país.
A Petrobras é uma das dez maiores empresas em receita, arrecadação de impostos e geração de empregos no Brasil. Por isso, proteger sua gestão profissional – e a de um setor tão estratégico quanto o energético – das pressões políticas é um dever de Estado.