Editorial

Silêncios e suicídio

Questão de saúde pública cercada de estigma


Publicado em 13 de setembro de 2021 | 03:00
 
 
 
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O silêncio mata. Por mês são 150 suicídios e 174 tentativas apenas em Minas Gerais que, em boa parte, poderiam ser evitados se essas pessoas tivessem encontrado ajuda adequada. É o que revela a reportagem especial do caderno Mais Conteúdo publicada hoje e que aborda essa importante questão, que culturalmente é abafada da discussão pública.

O diálogo tão necessário para evitar essas mortes, por um lado, não se concretiza por escassez de centros de apoio especializados para amparar as pessoas em sofrimento. Na rede pública estadual, eles mal passam de 380, o que é menos do que um para cada duas cidades e, geralmente, estão nos grandes centros. 

Por outro lado, de tanto se calarem sobre o assunto, as pessoas em geral não estão preparadas para ouvir os pedidos de socorro e, pior, para ajudar adequadamente a quem precisa, identificando os sinais e encaminhando a um profissional qualificado. Um muro de preconceito, ignorância, intolerância e crendices oprime ainda mais um grupo nada insignificante de pessoas que pensam em se suicidar. De acordo com pesquisa da Universidade de Campinas, 17,1% dos brasileiros tiveram esse pensamento, o que equivale a uma vez e meia toda a população de Minas Gerais.

Isso dá a dimensão do suicídio como uma das mais relevantes questões de saúde pública a serem enfrentadas no Brasil. E que precisa ser encarada com capacitação profissional, investimentos em centros públicos de assistência, campanhas de informação e conscientização de cada um na sociedade de que é preciso falar sobre o suicídio e, ainda mais, ouvir quem está passando por essa situação. Conseguir romper o silêncio e promover o diálogo é, acima de tudo, dar uma chance à vida.

 

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