Editorial

Sistema sob pressão

Saúde no Amazonas sofre com a má gestão


Publicado em 20 de janeiro de 2021 | 03:00
 
 
 
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Exibida pela Rede Globo, a minissérie “Sob Pressão” retrata a rotina de médicos que se desdobram para salvar a vida de pacientes em um hospital onde tudo falta. A mesma sinopse serve para as cenas reais que se passam no Estado do Amazonas. Infelizmente, não é só na arte que a má gestão e a corrupção se manifestam na prestação de serviços públicos, causando sofrimento e perda de vidas. 

O pesquisador Jesem Orellana, da Fiocruz Amazônia, afirmou à “BBC News” que a crise em Manaus era inevitável, mas o colapso poderia ter sido impedido se medidas fossem adotadas para achatar a curva de contágio. O epidemiologista ainda disse ter apresentado provas às autoridades daquele Estado que indicavam o crescimento do número de internações, ainda em setembro de 2020.

Apesar da imprevisibilidade da magnitude da pandemia, o impacto da doença em cada região depende da estrutura do sistema de saúde. E, de acordo com levantamento revelado por Orellana, Manaus começou a pandemia com uma das menores quantidades de leitos e unidades de terapia intensiva entre as cidades com mais de 1,5 milhão de habitantes do país. Se a rede de atendimento estivesse mais bem preparada, o número de óbitos seria menor. 
Além dos problemas na administração da crise, o Amazonas foi palco de suspeitas de desvios na compra de respiradores. Os indícios são investigados pela Polícia Federal na operação Sangria. Isso mostra que nem quando os holofotes estão voltados para a área da saúde os corruptos se intimidam. 

O trágico exemplo no Norte do país serve de alerta para que os moradores de todos os Estados e cidades estejam atentos quanto à importância de se fiscalizarem as ações dos gestores públicos.

 

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