ELETRONIKA

Deputamadre completa 15 primaveras clubbers de amor ao techno em 2018

Redação O Tempo

Por Claudia Assef
Publicado em 10 de junho de 2017 | 10:45
 
 
 
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Parece que foi ontem, mas o clube Deputamadre completa 15 anos de resistência underground em 14 de março de 2018.

Referência na noite de Belo Horizonte, o Deputamadre mantém um público fiel, que lota suas noites em busca dos DJs de qualidade que passam por lá. A ideia desde o início sempre foi a de educar e respeitar o que já foi e vem sendo feito na cena eletrônica mineira, pela renovação, identidade visual e, como diz o texto sobre o clube na fanpage do Facebook, principalmente pela atitude de pessoas que fazem do Deputamadre um “clube sem frescura”.

Muito da personalidade do clube vem da persona de seu dono, Alexandre Ribeiro, ou apenas Lelê para os íntimos.

“Sem Deputa não ia ter essas festas grandes que estão rolando hoje, pois dificilmente haveria uma cena eletrônica em BH. O Lelê é um guerreiro. O Deputa é minha casa, é  o meu clube em Belo Horizonte”, declara em alto e bom som o DJ Anderson Noise, mineiro que ganhou o mundo, mas faz questão de se manter atuante na cena local.

Ao longo de sua história, o Deputamadre recebeu ícones internacionais como Derrick Carter, Green Velvet, John Digweed, Carl Craig, Richie Hawtin, Marco Carola, Ellen Allien, Nastia, Jamie Jones, Lee Foss, Vitalic, DJ T, Felix Da House Cat, Oxia, The Hacker, Anthony Rother, Marc Houle, Troy Pierce, Magda, Altern 8, Craze, entre tantos outros, além do crème de la crème da eletrônica nacional. Ali, no número 2028 da Avenida do Contorno, o lema é o seguinte: a boa música vem sempre em primeiro lugar. Mesmo com a cena de festas de rua em alta em Belo Horizonte, o Deputamadre mantém-se firme com uma programação que não abre concessões para sons comerciais ou oba-oba. Por essas e por outras, quisemos entrevistar o cara que manda no clube, o Lelê. Leia a seguir a entrevista.

Quais são suas lembranças musicais de quando era criança?

Lelê Deputamadre - Lembro dos discos do meu tio, que morava na casa dos meus pais. Ele comprava um LP por semana, aqueles Dancing Days e outros com umas moças bonitas de patins na capa. Lembro também dos clipes do FM TV da Rede Manchete, pau quebrava no Top 10 com Michael Jackson, Madonna, Prince, Lionel Richie e Queen… Depois vieram as fitas da Rádio Terra com Picassos Falsos, Ojeriza, Plebe Rude, Camisa… e os programas de new beat e acid house da 107 FM. Escutava também um disco da Cash Box, O Som Acima do Normal, miami bass e break era o que rolava nas festinhas do bairro.

Você se lembra do que sentiu/pensou na primeira vez que entrou numa pista de dança?

Lelê Deputamadre - Eu era o mais novo da turma, mas eles sempre davam um jeito de eu entrar. Cheguei a ir no Sparta (Caiçara), Pouso Forçado (Carlos Prates), Fantasy (Nova Suiça) e lembro também da inauguraçao da Phoenix (Padre Eustaquio). Era legal, mas eu ficava mais vendo o povo dançando passinho e dava um jeito de ir embora mais cedo porque a porrada comia na rua quando desligava o som. Lembro dos “tocos” que eu tomava na porta do Baturité/Soft (Cidade Nova). Comecei a namorar uma gata que era piolho da matinê do Olimpia/Hippódromo, ela dançava muito e conhecia a turma toda. Depois disso consegui entrar na Guilden e fiquei me achando gente grande. O tempo passou, aí o legal era a Lapogee, virei “playboy” rs. Depois veio a Escape, as festas do [Marcelo] Marent e do [ Anderson] Noise e… fudeu tudo!

O Deputamadre é uma das maiores referências de eletrônica de BH, como você fez para se manter por tanto tempo fiel ao underground?

Lelê Deputamadre - Persistência, paciência, identidade, sorte, improvise. E agradeço ao meu pai por deixar eu atrasar o aluguel e à “Nossassinhora” da pista.

Se um dia fizessem um filme biográfico sobre você, qual seria uma ótima trilha?

Lelê Deputamadre - Nossa, vou lembrar de muita gente boa que passou na minha vida… melhor fazer um “live act”.

Quem são seus DJs preferidos? Por quê?

Lelê Deputamadre - Marky, Mau Mau, Murphy, Mau Lopes… porque começa com “M”. O Cohen do Pontapé. O Noise dos festivais, o Nedu das Technics e o Robinho dos hinos.

Você costuma fazer camisetas do Deputamadre que viram objeto de desejo (o Mau Mau sempre usa uma que diz: fale menos, dance mais), de onde vêm as ideias?

Lelê Deputamadre - Essa do Fale menos, Dance mais foi de uma comunidade que eu vi no orkut, mas serve pra muita gente chata. Hoje eu faria uma assim: “A culpa não é da BUate”.

Nos textos do Deputa sempre está escrito que é um clube sem frescura. O que você quer dizer com isso?

Lelê DeputamadreFrescura, não, gracias! foi uma expressão usada pela turma do drum’n’bass zoando o dress code de outros clubs de BH, que proibiam boné, bermuda etc…

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