Como eu já contei aqui neste espaço, já faz mais de duas décadas que eu sou “apaixonada com” Minas Gerais. Minha adoração por esse pedaço do Brasil vem desde que conheci uma gangue de mineiras lindas e descoladas num verão interminável que passei em Morro de São Paulo.
Desde então passei a explorar não só BH, mas algumas cidades menores, sempre atrás de uma cachoeira escondida que vinha, muitas vezes, acompanhada por um providencial alambique de cachaça não muito distante.
Sempre adorei “nocês” esse humor um pouco dark, de quem não perde a piada por nada, mas não chega a magoar o interlocutor. Outro charme que eu vejo potencializado no povo de Minas é a capacidade de absorver e também de fazer boa música. Seria alguma poção mágica derramada acidentalmente na pinga local?
Por isso, resolvi listar aqui as dez coisas de que eu mais gosto quando vou a Belo Horizonte, porque às vezes a gente reclama da cidade onde vive sem nem prestar atenção em como estamos rodeados de coisas incríveis. Na minha própria cidade, que é São Paulo, eu vivo dando umas sacudidas do bem em amigos que reclamam de morar aqui. Se tem problemas em São Paulo? Tem, pencas. Mas também é uma cidade muito incrível pra se viver, com coisas fervilhando a todo momento, especialmente se você é ligado em música e cultura como eu. Uma vez, uma amiga minha mineira, que mora em São Paulo, ficou chocada quando eu contei que ia passar uma semana de férias em Belo Horizonte. Ela falou bem assim: “Mas, nu, que que cê vai fazer naquela cidade, mulher?”. Então aqui vai minha resposta.
Ver amigos. Isso eu tenho aos montes em BH. E tenho até uma família completa que eu adotei pra mim, a do DJ Anderson Noise. Sou amiga da mãe dele, dona Nirce, que eu (e a torcida do Atlético) chamo de Mama Noise, e também do filho, o Yan, que estreou como DJ numa festa minha na cidade, a Disco Baby, que rolou no Natura Musical em 2015.
Tomar uma (ou umas) boa cachaça. Ouço falar que a melhor pinga do Brasil é feita em Paraty (RJ), mas não quero saber de muita opinião técnica. Acho que não tem lugar melhor pra tomar uma pinguinha do que em Minas Gerais, especialmente se você estiver na serra do Cipó!
Fazer uma orgia de pães de queijo. Sei que vocês não devem achar de outro planeta, mas o que são esses pães feitos com queijos artesanais?! Uma sacanagem! E ainda tem recheados. Pode parecer a coisa mais normal do mundo pra quem vive em BH, mas é tipo um banquete gourmet pra quem, como eu, achava que a Casa do Pão de Queijo era o must na produção dessa gordice.
Inhotim. Precisa explicar? Eu sou louca por esse lugar, que parece mais o jardim do Jurassic Park, só que cheio de obras e galerias de arte incríveis. Isso sem falar nos restaurantes que têm lá dentro. E as plantas? Eu fico parecendo aquelas velhinhas que querem levar uma muda de tudo pra casa – mas eu nunca roubei nada, juro!
O sotaque. Ai, gente. Não tem sotaque mais legal que o mineiro! Depois de três dias em BH eu já começo automaticamente a incorporar todos os “aqui”, “nu!”, “trem” e “arredar”, até quando o verbo não faz muito sentido na frase. Se você me vir cometendo alguma gafe linguística, é só dar um toque, eu gosto de aprender.
Sapatos maravilhosos. Não sei que trem que acontece, mas que tem uns sapatos bonitos demais da conta em Belo Horizonte, isso tem. Minha loja favorita (e isso não é jabá, tá?) é da Virginia Barros, que eu nem sabia, mas é irmã do Ronaldo Fraga. Só tem pisante absurdo!
Clube da Esquina. Confesso que não sou a maior fã de MPB do mundo, mas a turma de Minas eu adoro. Acho especialmente o Lô Borges muito maravilhoso!
DJS. Além de amigos, sou fã de vários DJs de Minas: Noise, que é meu amigão, Robinho, de quem sou devota há séculos, Felipe Foratini, Menorah, Fog, Daniel D, DJ Tee, Gustavo Peluzo, Alvinho L. Noise, a dupla Digitaria, e mais recentemente toda uma nova leva de DJs como Carol Mattos, Belisa, João Nogueira, Vitor Lagoeiro e a bombástica Romana Abreu. Quanta gente boa, nu!
Montanhas. Talvez vocês não se liguem, mas essa possibilidade de estar no topo de uma montanha a 30 minutos da cidade é muito luxo! Não sei se pra vocês vai parecer algo turístico, mas adorei conhecer o restaurante Topo do Mundo, por exemplo.
A comida. Eu achava que não gostava de comida mineira, porque tenho uma alimentação bem natureba e tal, mas aí a Fernanda Takai e o John Ulhoa, do Pato, Fu me levaram no Xapuri e minha vida nunca mais foi a mesma (risos).