Entrevista

COB redobra atenção com doping com Jogos de Tóquio batendo na porta

Christian Trajano, gerente de Educação e Prevenção ao Doping do COB, fala sobre ações da entidade para reforçar o combate ao uso de substâncias proibidas

Por Daniel Ottoni
Publicado em 13 de abril de 2021 | 12:06
 
 
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A proximidade dos Jogos Olímpicos exige um bom planejamento envolvendo toda a preparação do Time Brasil que estará em Tóquio. O Comitê Olímpico do Brasil (COB) mostra ter uma atenção especial com o assunto doping para evitar qualquer imprevisto e deixar seus atletas bem informados sobre seus deveres, direitos e obrigações para chegarem em condições favoráveis de saúde e no âmbito legal para um dos maiores desafios de suas carreiras. 

A pandemia fez com que novos cuidados fossem sugeridos, com outros riscos aparecendo e sendo de obrigação de cada um fazer sua parte e informar às autoridades competentes possíveis contatos com contaminados. 

Abaixo, entrevista com Christian Trajano, gerente de Educação e Prevenção ao Doping do COB, enviada pela entidade e replicada, aqui, na íntegra. 

Faltando apenas 100 dias para os Jogos, como é a atuação da área de Prevenção e Educação ao Doping junto aos atletas brasileiros? Como será na Missão Tóquio 2020?

O papel do Comitê Olímpico do Brasil em relação ao doping é o de orientar e educar os atletas para prevenir essa ameaça. Em outubro de 2018, a entidade implementou a área de Educação e Prevenção ao Doping e, com a elaboração e aplicação do Programa de Educação e Prevenção ao Doping no esporte olímpico brasileiro, o COB apoia as ações da Agência Mundial Antidoping (WADA) e da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD).

Trabalhamos na disponibilidade de acesso direto à Área, através de nosso portal no site do COB, telefones e WhatsApp. Desenvolvemos um conjunto de conteúdos em vídeo com o auxílio da Agência Internacional de Testes que será distribuído para os atletas através de uma playlist. Atuamos como tradutores para o Português do programa de educação antidoping da World Rugby, que estará acessível para todos os atletas, independentemente de modalidade. Em Tóquio, teremos o espaço Esporte Seguro e um canal de comunicação direta para dúvidas; além de toda a equipe de saúde que está preparada para atender aos atletas com todos os cuidados relativos ao uso de substâncias e métodos proibidos.

Vale lembrar que, no Brasil, a entidade que determina e realiza os Testes de Controle de Doping, realiza a Gestão de Resultados de uma análise positiva e encaminha o caso para julgamento na Justiça Antidopagem, é a ABCD.

O que mudou no controle de doping durante a pandemia?

O controle de doping durante a pandemia segue as mesmas recomendações das Autoridades de Saúde quanto a distanciamento, aglomeração, uso de EPIs e higienização dos materiais. O atleta segue responsável por tudo que entra em seu corpo, e deve estar disponível para testes em qualquer lugar, a qualquer hora. Os oficiais de controle de doping são monitorados quanto ao seu estado de saúde e os atletas devem informar o seu estado de saúde e das pessoas em seu convívio. Caso algum dos envolvidos em um controle de doping der positivo para Covid-19 nos dias subsequentes ao Teste, todos são informados para cumprir as medidas de isolamento e os cuidados que devem tomar durante a evolução da infecção.

Na última sexta-feira, 9 de abril, foi o Dia do Jogo Limpo. O que significa jogar limpo e quais as consequências de burlar as regras?

Jogar limpo é respeitar a si, a seu adversário e, principalmente, as gerações futuras que têm no atleta olímpico um modelo a ser seguido. O Doping é fundamentalmente contrário aos Valores Olímpicos. Aquele que cometer uma violação da regra antidoping poderá ser afastado do esporte, perder patrocínios, premiações, medalhas conquistadas enquanto burlava as regras; além, é claro, de ter sua imagem maculada e associada ao doping.

Uma das questões que estão sendo levantadas ultimamente, principalmente pela entrada de esportes como o skate, o surfe e a escalada, que tem um estilo de vida própria, é a questão das substâncias de abuso. Como a WADA está vendo essa questão?

Em 2021, a Lista Proibida traz a indicação de “Substâncias de Abuso”, substâncias que são comumente abusadas na sociedade, fora do contexto do esporte. Essas substâncias são, em 2021, o THC (maconha), a heroína, a cocaína e o MDMA (Ecstasy).

Todas essas substâncias seguem proibidas, em todos os esportes, no período em competição. Se o atleta testar positivo para alguma delas, num teste realizado em competição, e puder comprovar que o uso foi fora do contexto esportivo, poderá ter a pena reduzida para três meses. Este é o entendimento de toda a comunidade antidoping mundial, que foi harmonizado pela WADA no novo Código Mundial Antidoping de 2021. 

O esporte olímpico do Brasil já tem uma cultura antidoping?

Sim, o movimento olímpico brasileiro está amadurecido e responsável. Assim como no resto do mundo, a imensa maioria dos atletas olímpicos jogam limpo, respeitam e compreendem os valores do esporte e entendem o seu papel na sociedade, que é inspirar as futuras gerações a seguir um caminho de integridade onde não há espaço para trapaça. 

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