A levantadora Macrís, do Itambé Minas, talvez seja uma das poucas unanimidades dentro da sua posição no cenário brasileiro. Apesar de cotada para estar na primeira Olimpíada da carreira, em Tóquio, no ano que vem, ela sabe que ainda tem muita coisa para acontecer.
De contrato renovado com o clube (falta somente assinar), ela não teve problemas para falar das sugestões recebidas pelo técnico Zé Roberto Guimarães em entrevista recente. O levantamento com uma mão, bastante feito por ela, tem um preciso argumento, que mistura a habilidade e categoria com humildade pra reconhecer uma limitação. Aos 31 anos, ela agradece pelos elogios mas coloca os pés no chão para a ter a certeza de que o momento em 2021 pode lhe colocar nos Jogos.
Confira o bate-papo exclusivo com a jogadora:
Qual o tamanho da vantagem que o Minas tem ao manter a base da última temporada?
Manter a base é um passo a mais para o melhor entendimento do trabalho. Facilita seguir a filosofia e entrosamento, até pra receber as novas peças. O time tende a ficar coeso mais rápido. Mas tudo depende do trabalho, de uma série de fatores como forma como as novatas vão se encaixar, a sintonia com a comissão técnica. Tudo isso é essencial para o trabalho bem feito.
Acredita em 'temporada de transição', uma vez que muitos times não terão o mesmo investimento, os jogos devem ser sem torcida, talvez algum formato diferente?
Vivemos um momento sem precedentes, não temos ideia direito de como tudo será. Teremos que nos adaptar, isso é certo. Não sei se será uma temporada de transição e se o formato antigo será mantido. Vai ser um aprendizado em conjunto e cada passo dado será importante. Acho que novas formas de interação com a torcida terão que ser buscadas para manter o esporte vivo em quem gosta e acompanha. Será fundamental os jogadores terem o suporte necessário para atuar com a devida segurança. Novos protocolos serão primordiais.
Podemos dizer que esta temporada pode ser uma das mais importantes da sua carreira, já que vai ter influência direta na convocação para Tóquio?
Como estaremos perto de uma convocação para um campeonato deste porte, o momento vai definir. Não basta ter títulos e conquistas, será preciso um bom desempenho no momento atual. Se a oportunidade aparecer, vou tentar contribuir da melhor maneira possível, sempre buscando minha evolução constante.
O que achou dos elogios que o Ze Roberto fez a você e também das sugestões dadas por ele (largada de segunda e levantada de uma mão somente quando necessario)?
Todo atleta, quando alcança um nível de maturidade, sabe filtrar o que vem de fora. Isso é superimportante para que as coisas positivas acrescentem, sem nos permitir estagnar e para que as cobranças e coisas negativas sejam lições e oportunidades de melhora, sem deixar derrubar. Tudo o que vem de fora é importante e precisamos absorver da melhor maneira, aprendi muito sobre isso com o Zé Roberto, o que me fez evoluir bastante.
O que achou destas sugestões que ele passou?
Concordo que ambas precisam ter hora certa para serem feitas. A largada de segunda pode servir para atrair atenção do bloqueio, desafogar uma passagem de rede e evitada quando quero colocar alguém no jogo, dar mais confiança para uma companheira. São muitos pontos que precisam ser analisados e tenho adquirido melhor esta consciência com treinos e conversas.
Sobre o levantamento com apenas uma mão, cheguei a pontuar isso pro Zé. Realizo este gesto mais por uma dificuldade técnica. Quando estou muito perto da rede, tenho mais dificuldade para encaixar a bola nas duas mãos. Foi um recurso que encontrei, me faz ter um direcionamento mais fácil da bola, diferente de outras levantadoras, que tem mais facilidade pra isso. Não é algo inusitado ou pra chamar atenção, é uma necessidade por conta de uma limitação. É algo que sempre tento aperfeiçoar.