O baiano Fábio Rigueira poderia ter deixado o esporte de lado quando teve um dos maiores desafios da sua vida, logo aos nove anos de idade. Mas foi justamente a atividade física que o motivou a encarar a barreira de frente e usá-la para chegar longe e ser um exemplo e inspiração pra muitos.

Fábio se tornou triatleta e o primeiro homem no mundo a fazer o Iron Man, a maior prova da modalidade (3,8 km de natação, 180 km de ciclismo e 42,195 km de corrida), finalizados pelo esportista em, durante um dia inteiro com muletas. Seu apelido é Saci, somando três participações na disputa. 

"O esporte sempre esteve presente em minha vida, e acredito que a força do esporte sempre foi uma mola propulsora de minhas ações. O esporte me inspira. É difícil imaginar como seria minha vida sem ele, principalmente porque um dos meus primeiros contatos com a vida após a amputação foi com o esporte, por meio dos meus pais. O esporte me trouxe qualidade de vida, uma boa resposta física, grandes amigos, o respeito e o ensinamento de que, através dos desafios, somos capazes de realizar nossos sonhos", conta.

Aos nove anos, quando jogava bola com os amigos, Fábio sentiu uma dor maior do que o normal. Foi levado ao hospital e o raio x apontou a causa: osteossarcoma, um tipo de câncer raro que começa nas células formadoras dos ossos. 

Fábio precisou amputar a perna esquerda para evitar que o câncer se espalhasse por outras partes do corpo. Três anos depois, teve o diagnóstico de metástase no pulmão direito, precisando retirar mais da metade do órgão. 


Os pais então usaram uma das principais alegrias do filho para fazê-lo perceber que muito ainda poderia ser conquistado. 

"Eles sempre me deram presentes que estavam sempre associados ao esporte como bicicleta, prancha de surf, caiaque, entre outros. Mas, foi somente aos 20 anos que comecei a treinar com o meu tio, que também é atleta. Iniciei na natação e, em dois ou três anos, consegui alguns títulos, como o de vice-campeão Grande Salvador, prova de 14 km de nado em linha reta no mar. Depois, vieram os passeios com bicicleta, que se transformaram em longas distâncias. Já estava no caminho do triathlon, mas não sabia como introduzir a corrida, por causa das muletas. Mas, aos poucos, fui conseguindo e me tornei um triatleta", lembra. 

O primeiro Iron talvez tenha sido o mais marcante pelo tamanho da barreira vencida em 14 horas e 46 minutos. Um dos sonhos, de chegar ao Iron de Kona, principal prova da modalidade no mundo, ainda não pôde ser concretizado. Fábio recebeu o convite, que não se confirmou por causa da pandemia. 

Hoje, além do esporte, Fábio se dedica às fisioterapias de fortalecimento e, agora, também, é calouro do curso de Processos Gerenciais na Faculdade Arnaldo BH.