Fernando Fabbrini

Primeiro turno: Reflexões eleitorais

Com pitadas de compreensão e repugnância

Por Fernando Fabbrini
Publicado em 06 de outubro de 2022 | 03:00
 
 
 
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É compreensível que o ex-presidiário tenha vencido por enquanto em nove dos dez Estados com maiores taxas de analfabetismo. Um deles, Alagoas, detém o recorde de analfabetos acima de 15 anos na região das oligarquias que fazem da ética e da dignidade do eleitor meras prostitutas à espera do “quem-dá-mais”. A recompensa para muitos ainda é uma boquinha vitalícia no setor público via bajulação política, comprar um carro espalhafatoso, pular Carnaval e encher a cara à beira-mar em dias de semana.

Guetos desse perfil ainda infestam aquelas latitudes resistindo aos ventos da modernidade e do progresso que sopram rumo ao norte e nordeste. No Rio de Janeiro, Estado com menor taxa de analfabetismo, Bolsonaro venceu e legitimou a tese: quanto mais ignorante e dependente o eleitorado, mais votos tem a esquerda. Em marketing, isto se chama “nicho de mercado”.

Repugnância

Bem previsível que num presídio paulista espocassem vivas em solidariedade a um ex-colega no momento da contagem de votos. Também era esperado que uma parcela de jovens de classe média alta votasse no ex-detento. São espécimes típicos da geração mimimi mimada, da turminha indolente que exige direitos e rejeita deveres, da safra cujos pais garantem casa, comida, roupas, universidade, ingressos para shows caríssimos de artistas que mamavam na Rouanet e que agora fazem “L” com os dedinhos. Nas plateias, os arrogantes que adoram slogans e narrativas, mas que nos chamam de “fascistas” e fogem da conversa quando contrapomos, com argumentos sólidos, as bobagens pré-fabricadas que brotam de suas formações rasteiras.

Brasileiros em Paris, cidade queridinha da esquerda caviar, tremem com a ascensão dos radicais islâmicos na França, mas votaram no homem aplaudido por tiranias fanzocas da censura à livre opinião, controle da internet, repressão à religiosidade e assassinato de opositores.

Argh! Repugnância só comparável à recente adesão do coronelão ao opositor contra o qual vociferava, semana passada mesmo, em busca de votos de incautos e ingênuos. Nada de novo: quem ainda acredita nessa farsa bem-falante, travestida de estadista que ressurge da caatinga a cada eleição?

Tumulto nas seções eleitorais

Um tribunal eleitoral tem a única função de cuidar dos pleitos a cada dois anos – só isso. E o que vimos domingo? Uma bagunça digna das piores republiquetas. Filas absurdas, gente esperando por horas, idosos passando mal, seções acumuladas em espaços improvisados, mesários incompetentes e desorientados.

Após falhas do infernal dispositivo biométrico, a mocinha emburrada de cabelo azul exigiu que eu proferisse em alto e bom som dados pessoais – os mesmos estampados nos documentos a ela entregues. Digitou no teclado minha data de nascimento duas vezes como “1756”, dando-me uma curiosa sensação de imortalidade até que, com ajuda de um colega, conseguiu finalmente concluir o processo.

Pesquisas eleitorais

Enquanto isso, as supremas autoridades tomavam providências enérgicas contra possíveis ataques de mísseis às zonas eleitorais e evitavam batalhas sangrentas entre eleitores antagônicos – catástrofes que chocariam os observadores internacionais.

Intrigante, demais, o estranho, surreal, ilógico, enigmático resultado de votos conflitantes em Minas Gerais. Seremos 16 milhões de esquizofrênicos e não sabemos? Um silêncio ensurdecedor é a única resposta até agora.

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