Recebi de um amigo ambientalista uma corrente do bem que circula pelas redes, muito diferente das bobagens que recebemos cada vez que soa o plim-plim do celular. O texto conta um caso recente acontecido na Tailândia. O governo de lá teve uma ideia que acabou virando um sucesso na região e agora se estende ao mundo.
Coisa simples: fizeram uma campanha sugerindo aos cidadãos que guardassem as sementes de frutas consumidas em casa, em vez que jogá-las no lixo. Depois, era só juntar num saco de papel e deixar no carro. E quando viajassem ou passeassem nas redondezas das cidades, atirassem as sementes no mato. A população gostou e aderiu em massa. Resultado: o número de árvores frutíferas nos distritos do país aumentou como nunca. Seguindo a boa ideia, países vizinhos, como a Malásia, copiaram a fórmula também com resultados surpreendentes.
O Brasil está no período chuvoso. Como tudo na natureza, temos dois lados: os desastres, inundações e desabrigados. Porém, as chuvas também estão irrigando o sertão, apagando incêndios, enchendo represas e reservatórios, fertilizando o solo. É a época ideal para espalhar sementes.
Aqui temos a sorte de encontrar frutas em qualquer estação do ano, como as goiabas, maracujás, melões, laranjas, mamões, abacates, melancia e tantas outras. Que tal virarmos tailandeses ou malaios por uns dias? Basta um pouco de atenção ao saborear nossas delícias tropicais. Quem tem um quintal em casa pode ir criando seu próprio pomar, certamente vale a pena.
Apaixonado pelas frutas, sempre me interessei pelos – digamos assim – prazos de validade e condições ideais para o consumo. Pesquisei com amigos produtores e em sites especializados e alguns resultados estão aqui.
A banana, imprescindível na minha dieta, fica madura 7 dias após cortada do cacho. O mamão precisa de 8 dias. Antigamente as pessoas costumavam riscá-lo, de forma a acelerar o amadurecimento, retirando o “leite”. Não sei se funciona. Já o abacate - segundo um amigo feliz proprietário de vários pés em seu sítio – estará ótimo 9 dias depois de colhido. Recentemente surgiram variáveis do abacate nas bancas dos supermercados, o “avocado”, nome importado.
Parece que só no Brasil apreciamos o abacate adocicado, em sobremesas e vitaminas batidas com leite. No estrangeiro, é só com azeite, limão e sal, ingrediente das saladas. Descobri também que os pêssegos e as mangas exigem mais tempo para ficarem no ponto, coisa de 12 dias ou mais, dependendo da espécie.
Inspirados na Arábia, os mais antigos repetiam o famoso mote “quem planta tâmaras, não colhe tâmaras...” Era desanimador, porque no passado as tamareiras levavam de 80 a 100 anos para soltar seus primeiros frutos. Agora, a tecnologia, a globalização e os mercados sedentos fizeram com que a produção de tâmaras não ficasse restrita àquele país e que o tempo da colheita fosse abreviado com fins lucrativos.
Mesmo assim, o espírito do velho ditado ainda serve para nossos objetivos ecológicos. Ao invés de só balançar cartazes e gritar palavras de ordem – lindas, mas quase sempre inúteis – vamos pensar no futuro de maneira prática e lançar sementes por aí. Qualquer um pode ser um ativista de ações frutíferas – com perdão do trocadilho.