Gerenciar a economia de um país é muito semelhante a qualquer atividade baseada na aritmética – a implacável equação da receita e da despesa. Simplesmente não se pode gastar mais do que se ganha. A fórmula é aplicável a qualquer coisa - desde o boteco da esquina, os gastos de uma família ou a complexa contabilidade de uma empresa com milhares de funcionários.
Regimes autoritários como os da antiga União Soviética, da Coréia do Norte, China, Cuba ou da vizinha Venezuela são especialistas nas imensas, pesadas e anacrônicas massas de burocratas. Privilegiados, passam a vida mamando nas tetas da pátria sob as bênçãos dos governantes que os nomearam por afinidade ideológica ou compadrio, enquanto o povão miserável afunda na falta do básico. Na Venezuela, por exemplo, a incompetência bolivariana atinge os limites surreais: o salário mínimo já vale menos de um dólar.
Já os países modernos estão especialmente atentos à redução da máquina pública e à sua eficiência em prol da coletividade. As verbas para gastos essenciais – como educação e saúde – não brotam do vazio, mas da qualidade de uma gestão séria e criteriosa. Em outras palavras: o serviço público é fundamental na administração do que pertence a todos, e por isso deve funcionar bem, depressa, calado e – mais que tudo - sem roubalheiras; já teve demais nos governos petistas.
Através da reforma administrativa, o Brasil necessita virar essa triste página de seu passado. Desde os tempos da colônia, são milhares de cargos regiamente pagos e certamente desnecessários. Seguem os números dessa aberração engravatada:
Temos um presidente, um vice, 17 ministérios, duas secretarias e quatro órgãos equivalentes, com centenas de assessores. Um presidente da câmara e um do senado. 81 senadores. 513 deputados federais. 27 governadores e vice-governadores. 27 assembleias legislativas. 1049 deputados estaduais. 5.568 prefeitos e outros tantos vice-prefeitos. 5.568 câmaras municipais.
Mais de 57.000 vereadores. Vamos somando: são quase 70 mil cargos políticos até aqui. Nas câmaras federais penduram os paletós mais de 12.000 assessores, sem concursos; 4.455 assessores no senado, também sem concurso.
Nas assembleias, perto de 27.000 assessores e – pasmem! – e mais de 600.000 assessores de vereadores por todo o Brasil. No total geral, algo próximo a 715.000 pessoas foram nomeadas sem concurso, vivendo às custas de nossos bolsos, sustentadas pelos impostos que nos arrancam em troca de nada – além das rachadinhas – malefício nacional histórico.
O Brasil exige reformas imediatas. De um lado, uma equipe de técnicos nascidos e criados na iniciativa privada – onde não se brinca com dinheiro, porque logo vêm os prejuízos, o descontrole e a falência. A vida real não escapa do rigor e da frieza da aritmética.
De outro lado, políticos, sindicatos, apaniguados e demagogos acostumados com as benesses, as mordomias, os salários astronômicos em dia, ajudas de custo, folgas, férias, passagens aéreas, subvenções, cartões de crédito, aposentadorias milionárias – e demais farras inaceitáveis.
Está sendo uma batalha difícil e heroica até a sonhada remoção dos cabides onde se penduram os paletós dos ociosos, enquanto aqueles que trabalham mesmo - você e eu incluídos - suam a camisa e se matam para sustentá-los.