CAROL RACHE

Jogue fora todas as simpatias de ano-novo

Mas ao invés de lamentarmos ou gastarmos energia cancelando comportamentos alheios, que tal a gente se perguntar como foi a nossa atitude diante do caos?

Por Carol Rache
Publicado em 01 de janeiro de 2021 | 03:00
 
 
 
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Você certamente já pulou 7 ondas, escolheu a cor da roupa da virada, tomou banho de sal grosso ou ofereceu flores para Yemanjá. E talvez você tenha, inclusive, feito algum ritual ontem. Não quero ser a pessoa que vai jogar um balde de água fria na sua esperança, mas preciso te dizer que nenhuma simpatia de ano-novo funciona.
 
As simpatias podem até ajudar a atrair algum tipo de energia, mas são armadilhas muito perigosas porque seus resultados são superestimados e romantizados, o que faz com que muitas pessoas se apeguem a esses recursos de forma iludida.
 
É mais cômodo se banhar de sal do que se despir das justificativas que nos prendem aos nossos comportamentos distorcidos. É mais fácil olhar para a lua cheia em câncer e pedir para ela um 2021 generoso do que olhar para os nossos cantos sombrios. E é bem mais confortável comer lentilha do que engolir o orgulho que nos impede de reconhecer nossas limitações.
 
A maioria das pessoas faz todas as simpatias esperando que o universo traga um ciclo próspero, mas não move uma palha para oferecer ao universo uma versão nova de si.
 
O que deveria ser protocolar na virada não é a roupa branca, mas sim um movimento honesto de autoinvestigação. Sem argumentos viciados, sem se iludir acreditando que já está iluminado e sem tentar jogar as dificuldades do seu ano na conta do acaso.
 
De fato, tivemos um ano com questões sérias que fugiram ao nosso controle. Mas ao invés de lamentarmos ou gastarmos energia cancelando comportamentos alheios, que tal a gente se perguntar como foi a nossa atitude diante do caos?
 
O desafio foi coletivo mas os desdobramentos dele não. Nossos contextos foram afetado de formas distintas e ninguém escapou de ser confrontado pelas próprias sombras. O que você fez com as suas?
 
Estamos diante de um novo capítulo. Aproveite para deixar as justificativas de autossabotagem na página passada. Não precisa se punir pela expectativa que criou em torno das simpatias, mas que tal associar os pulinhos de ondas com um mergulho interno genuíno?
 
Já entendemos que não temos controle algum sobre a vida, então só o que nos resta é construir estabilidade interna para lidarmos com a montanha russa de emoções que nos acomete quando as 7 ondas viram tsunami.
 
Happy new you!

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