Assisti ao filme “Meu Pai” e fiquei extremamente incomodada e angustiada. Explico: Anthony Hopkins levou mais uma estatueta de melhor ator porque, de fato, nos fez sentir a dor do envelhecimento. 

Evitamos pensar nos dias do amanhã como se a alienação nos poupasse da realidade. Uma estratégia de fuga que não nos protege do nosso maior predador: o tempo. É fundamental plantar hoje o que pretendemos colher na idade madura.

No filme, Anthony tem Alzheimer. Sim, o personagem, ironicamente, tem o mesmo nome do ator. O tema já foi explorado em outros enredos, mas, dessa vez, a história é contada por uma perspectiva nova – o que conferiu mais realidade e, consequentemente, mais angústia.

Na semana passada, aqui, neste mesmo espaço, descrevi os perigos de uma vida que depende da sorte. Hoje, venho provocar: será que verdadeiramente plantamos um amadurecimento saudável, do ponto de vista físico e mental, ou preferimos ignorar o assunto e torcer para que o acaso seja gentil conosco quando a velhice chegar?

O fato é: na melhor das hipóteses, vamos envelhecer. Se tudo der certo, e a sorte jogar no nosso time, a realidade é que seremos idosos um dia. E, para que a longevidade valha a pena, não basta investir apenas na previdência privada.

Quando se trata de saúde, não podemos colocar nem a genética na conta do acaso. Já é sabido que nossos genes se manifestam de forma mais ou menos favorável de acordo com hábitos e contextos. O nome disso é “epigenética”. Nossas escolhas de hoje são determinantes para a qualidade da vida da qual desfrutaremos no amanhã, e ignorar isso pode até ser cômodo, mas é pouco inteligente.

Ao longo do filme, entre lágrimas, fui reconhecendo cenas similares às que já presenciei com a minha avó. Algumas cômicas, outras tristes. E, entre lágrimas, só consegui agradecer: “Ainda bem que meus pais, meu marido e meus irmãos praticam Yoga”.

Como instrutora, praticante e estudiosa do tema, sei que estudos sérios apontam Yoga como uma arma poderosa no combate e prevenção de muitas doenças. Demência e Alzheimer estão entre elas. Estudos de fontes renomadas (como Harvard ou o hospital Albert Einsten) apontam a eficácia do Yoga na manutenção da saúde mental.

Penso ainda – desta vez pelo exemplo da minha avó, e não do filme – que envelhecer sem mobilidade no corpo deve ser um complicador ainda maior, especialmente quando a mente já não consegue se fazer estável.

Eu, ainda jovem, estou tão acostumada a defender os efeitos maravilhosos do Yoga para nossa vida presente, mas não havia, ainda, me atentado para todos os bons frutos que essa prática vai me permitir colher no futuro.

Enquanto escrevo, me lembro da dona Carmita, a costureira que por anos atendeu minha família. Lúcida, saudável, com uma mobilidade invejável. Um dia, ao ser questionada sobre seu segredo, ela respondeu: “Faço Yoga há anos!” Fiquei surpresa. Não pelos resultados do Yoga, mas porque não sabia, mesmo, que ela era uma praticante. Fez todo o sentido.

Sei que sou suspeita, mas você, caro leitor, é livre para apurar os dados que sugiro aqui antes de aceitar meu convite para incluir essa prática como caminho de construção e manutenção da saúde.

Só assim poderemos sustentar a mesma esperança:

Na melhor das hipóteses, vamos envelhecer – com saúde.