GILDA DE CASTRO

Algazarra parlamentar e desrespeito aos cidadãos

Redação O Tempo


Publicado em 12 de agosto de 2017 | 00:20
 
 
 
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O Congresso Nacional é a instituição máxima de uma democracia porque envolve a representação popular para exprimir desejos, defender proposições e traçar medidas relativas à harmonia, ao desenvolvimento socioeconômico e à soberania do país, assegurando melhores condições de vida para todos os cidadãos. Vergonhosas tramas políticas viabilizaram, entretanto, uma legislação em detrimento do povo, que manifesta aversão crescente aos parlamentares, pois eles beneficiam-se com foro privilegiado, número excessivo de cadeiras, partidos de aluguel, fatiamento do Orçamento para suas emendas, dezenas de assessores, complementações salariais isentas de tributação, uso de jatos da FAB, carros exclusivos e excelentes planos de saúde extensivos à família. Além disso, cobram propina em diferentes oportunidades.

Todas essas benesses não se adéquam ao deplorável quadro de sobrevivência de grande parte da população brasileira, que é faminta, doente, analfabeta, desempregada e mal qualificada para o trabalho e, mesmo assim, ombreia insuportável carga tributária para custear aquelas regalias. A permanente servidão ao Poder Executivo culmina na sequência deplorável de direitos, sem o cumprimento de seus deveres como autênticos mandatários de seus eleitores.

Infelizmente, os desmandos não param aí, porque vimos, frequentemente, no plenário da Câmara dos Deputados, cenas mais deploráveis do que a recreação de pré-adolescentes em escolas com sérios problemas de disciplina. Os parlamentares não permanecem assentados; conversam bastante, enquanto alguém usa a tribuna; vão à mesa para interferir no encaminhamento da sessão; descartam lixo no recinto; usam o celular constantemente; vaiam o orador e entram e saem do recinto, como se não tivessem compromisso com as decisões tomadas ali. Os debates são vergonhosos, por agressões mútuas, pelo péssimo uso da língua pátria, pelas mensagens demagógicas e pelas proposições vazias. Pouco se aproveita de medidas consistentes para superar os graves problemas do país.

A sessão do último dia 2 foi mais chocante porque dois blocos confrontavam-se quanto à admissibilidade da investigação do presidente da República, o que poderia custar-lhe o cargo. Os ânimos exaltados potencializaram a balbúrdia, que começou com o cuidadoso planejamento de insultos entre as partes. Pixulecos de um lado e muito dinheiro falso de outro foram estopim para empurra-empurra, gritos, vaias e panfletos distribuídos a mancheias, sob o risco de confronto físico.

Houve também mordida no “pescoço” do boneco inflável para furá-lo, pessoas estranhas à Câmara na área privativa dos parlamentares para intimidá-los, aluvião de mentiras sobre seus compromissos com o país e deplorável manipulação de argumentos sobre conjeturas ou provas cabais de crime entre o presidente e seus antecessores.

Seguramente, Suas Excelências não se comportam assim nos refinados salões fora do Congresso Nacional, mas eles agem ali como senhores da razão.

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