GILDA DE CASTRO

Carências constantes em hospitais mineiros

Redação O Tempo


Publicado em 18 de fevereiro de 2017 | 03:00
 
 
 
normal

Este jornal publicou, recentemente, uma matéria de Luiza Muzzi sobre emendas parlamentares da bancada mineira. Cada deputado federal terá, pelo Orçamento da União para 2017, R$ 15,3 milhões para apoiar atividades estratégicas e entidades que prestam serviços relevantes à sociedade; podem, assim, contribuir para o bem-estar de mais de 20 milhões de habitantes deste Estado. Entretanto, 16 emendas serão para instituições além de seus limites, sendo que cinco representantes nossos reservaram R$ 800 mil para o Hospital do Câncer de Barretos, justificando que ele recebe muitos mineiros. Enquanto isso, nossas organizações públicas e filantrópicas enfrentam dificuldade decorrente de pouco aporte financeiro, embora tenham longa história de benefícios à comunidade.

A Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, criada em 1899, precisa sempre de ajuda, porque é o maior hospital de Minas Gerais, com 1037 leitos, sendo 170 na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), exclusivamente para atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). É custeado, portanto, por essa fonte, por outras parcerias com o poder público e por doações. Está contando, nos últimos meses, com mais de R$ 10 milhões em emendas parlamentares para despesas com material de uso único e equipamentos, mas seus compromissos são gigantescos ao operar medicina avançada em 35 especialidades, aliando as ações médicas ao ensino e à pesquisa. Recebe pacientes de 68% dos municípios mineiros para consultas, exames, internação, obstetrícia, cirurgia, quimioterapia e hemodiálise. Assim, qualquer novo recurso financeiro torna-se precioso em seu orçamento.

O Hospital da Baleia surgiu em 1944 como instituição filantrópica para atendimento a tuberculosos, estendendo seus serviços, pouco tempo depois, para cirurgia e ortopedia. Atualmente, é referência em várias especialidades, como oncologia e cirurgia vascular. Atende, predominantemente, pelo SUS; assim, diante da defasagem da correção dos valores dos procedimentos desde 1999, vem acumulando enorme déficit financeiro. Recebe dotações dos parlamentares, mas seria melhor que elas fossem muito maiores, para garantir a perenização de todos os serviços. O Centrare, por exemplo, trata as deformidades craniofaciais e as fissuras labiopalatais, atendendo, atualmente, mais de 4.000 pacientes oriundos de diferentes Estados. Esse serviço envolve médicos, fonoaudiólogos, psicólogos, nutricionistas e assistentes sociais para que todos sejam assistidos até os 18 anos, superando suas limitações físicas e melhorando a autoestima, inclusive da família.

Outras instituições públicas e filantrópicas da capital e do interior acolhem idosos, gestantes, órfãos, dependentes químicos e portadores de necessidades especiais. Todos precisam de muitas doações. É injusto, portanto, que nossos deputados federais estejam apoiando entidades além dos limites de Minas Gerais, independentemente de seus argumentos e projetos políticos.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!