JOÃO VITOR CIRILO

Baixa exigência técnica pouco acrescenta

Não há como não concluir que o atual formato dos Estaduais não serve para mais nada


Publicado em 13 de fevereiro de 2019 | 03:00
 
 
 
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Quem acompanha este espaço semanal certamente conferiu há algumas semanas a minha opinião sobre aquele que considero um problema do nosso futebol atual: os campeonatos estaduais. O baixo nível de jogo e o abismo técnico verificados ainda nos primeiros desafios vêm sendo comprovados rodada após rodada, com pontuais exceções a algumas grandes equipes, que vêm sofrendo um pouco mais.

A grande questão que se coloca em discussão aqui é: de que têm servido os estaduais para Atlético e Cruzeiro, as duas principais forças regionais? O que essa disputa acrescenta às grandes forças do nosso futebol, que têm pela frente objetivos maiores e mais interessantes? A realidade é que a baixa exigência técnica pouco influencia a evolução dos times.

Em entrevista coletiva após uma vitória tranquila contra o Tupynambás, o técnico Mano Menezes abordou muito bem o tema no último fim de semana, ao destacar que, em que pese essa deficiência técnica dos adversários, o mais importante no momento é o comprometimento da equipe. Nossos clubes ainda estão em pré-temporada, já que o nível de competitividade está longe de ser interessante.

Aliás, está claro que a competição nada interessa a Atlético e Cruzeiro e também ao América, com exceção ao valor arrecadado por meio das cotas de TV. Mas e aos clubes do interior? O torneio é realmente interessante? Existe um real acréscimo esportivo? Para a grande maioria deles, não. Ou menos do que deveria.

Cinco dos 12 clubes já trocaram de treinador com seis rodadas disputadas no Campeonato Mineiro. Caldense, Villa Nova, Tupi, URT e, por último, o Patrocinense, que foi elogiado pelo desempenho e pelos resultados iniciais semanas antes de demitir Wellington Fajardo. Além da pouca eficiência dos confrontos, acrescenta-se nesse momento um fator extra: a cobrança em excesso.

Vendo por esse lado, é importante destacar que ao mesmo tempo em que, não há competitividade para os grandes, ela também pouco existe para os times menores, que têm o predomínio do equilíbrio até aqui quando se enfrentam no Estadual. No que interessa competir com forças extremamente superiores a você e receber pouco por isso? Digo isso porque é frequente a reclamação quanto ao valor pago aos menores.

Se existir o interesse das federações estaduais, da Confederação Brasileira de Futebol e dos clubes, não há como não se chegar à conclusão de que o atual formato não serve para mais nada, a não ser para alimentar esse ciclo de contratações, demissões, montagem e desmontagem de times com três ou quatro meses de disputa para a maioria.

A tendência é que tudo que estamos dizendo continue, caso não seja observada essa clara necessidade de se rever a maneira como nosso calendário tem sido construído e conduzido. Perde-se um tempo absurdo ao insistir em algo claramente obsoleto.

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