JOÃO VITOR CIRILO

Nosso futebol em um caminho sem volta

Redação O Tempo


Publicado em 17 de janeiro de 2018 | 03:00
 
 
 
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Nos últimos anos, o futebol tem tomado uma rota que faz com que os clubes se vejam em um caminho sem volta. Para competir à altura pelos grandes títulos, não há outro meio senão investir pesado. O problema é que, por meios próprios, é quase impossível que as equipes o façam atualmente. É difícil, hoje, no futebol brasileiro, observarmos uma instituição que construa um projeto vitorioso caminhando unicamente com as próprias pernas e as próprias condições.

Valores astronômicos, irreais, por atletas que não entregam resultado equivalente são cada vez mais comuns. Além disso, o insucesso coletivo dentro de campo — vide o nível técnico de nosso campeonato — faz com que o retorno não venha, as dívidas se acumulem e seja criada uma bola de neve. Cada vez mais, observamos os clubes com força zero pra segurar atletas, que forçam saída quando necessário. Muitas das vezes, isso acontece por culpa das próprias instituições, que não cumprem com o que devem. Vide o caso recente de Gustavo Scarpa, por exemplo, agora no Palmeiras.

Assistindo a vários jogos da Copa São Paulo de Futebol Júnior neste ano, refleti sobre outro problema: um ineficiente trabalho de formação de atletas também faz com que as equipes se vejam cada vez mais reféns de medalhões ou de estrelas apagadas após o insucesso fora do país.

No último domingo, o presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara, postou em seu Twitter a frase “as mudanças não foram feitas por acaso” após a eliminação do time júnior na Copinha. Não que os garotos das categorias de base devam ser soluções para os problemas enfrentados nos times “de cima”, mas poder contar com os jovens para preencher lacunas disponíveis no profissional deveria ser uma condição natural. No futebol brasileiro, isso deixou de ser regra, até porque o produto entregue não é bom. Enquanto não se pensar em projetos de longo prazo, de reconstrução da atual ideia de gestão no futebol brasileiro, nada vai ser modificado.

Primeiro passo. Em uma temporada de tamanha expectativa, o Cruzeiro começa a caminhada hoje, às 21h45, contra o Tupi, pelo Campeonato Mineiro. Como tem sido destacado no discurso dos próprios atletas, é evidente que o Estadual não será desprezado, mas a prioridade é a evolução para o grande objetivo do ano, a Copa Libertadores, que começa no fim do próximo mês.

Foram 14 dias de pré-temporada em que tive a oportunidade de estar presente na Toca da Raposa II pela rádio Super Notícia FM, à qual agradeço pela oportunidade. Ao longo desse período, foi possível perceber o bom trabalho da comissão técnica cruzeirense, de um modo geral, ainda que com um curto período de preparação, lamentavelmente. Importante exaltarmos o trabalho de profissionais que não aparecem nem são conhecidos pela maior parte da torcida, mas, que têm relação total e direta com o sucesso apresentado em campo.

Quanto ao América, que também estreia, pés no chão. Importante ter em mente que o grande objetivo do ano deve ser a luta pela permanência na Série A. O clube só vai mudar de patamar quando for, de fato, como uma equipe da elite.

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