JOÃO VITOR CIRILO

Problemas do apito estão longe de solução

No último sábado, após mais uma vitória do Grêmio, de Renato Portaluppi, o comandante gaúcho resolveu gastar algum tempo de sua entrevista coletiva elogiando a arbitragem, tendo como exemplo o bom árbitro Rafael Claus, que comandou o Fluminense 0 x1 Grêmio no Rio


Publicado em 03 de outubro de 2018 | 03:00
 
 
 
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No último sábado, após mais uma vitória do Grêmio, de Renato Portaluppi, o comandante gaúcho resolveu gastar algum tempo de sua entrevista coletiva elogiando a arbitragem, tendo como exemplo o bom árbitro Rafael Claus, que comandou o Fluminense 0 x1 Grêmio no Rio. Renato disse que “os árbitros estão muito bem este ano”.

Curiosamente, no dia seguinte, a sequência da 27ª rodada comprovaria que as palavras de Renato estavam equivocadas. Os erros nos jogos do domingo, em todos os horários, foram absurdos.

No Pacaembu, no encontro entre Palmeiras e Cruzeiro, Dewson Freitas anotou uma penalidade por um toque na mão de Gustavo Gomez que claramente aconteceu fora da área. Ele não foi ajudado por nenhum de seus auxiliares. Na Vila Belmiro, um pênalti totalmente inexistente foi marcado por Caio Max Augusto Vieira em favor do Santos já aos 48 minutos do segundo tempo, decretando a derrota do Furacão.

No Beira-Rio, Internacional e Vitória também teve equívocos graves. O colorado foi prejudicado por um impedimento inexistente em jogada que terminaria em gol, sendo “compensado” ainda no mesmo duelo com outro pênalti inexplicável anotado por toque fora da área. A arbitragem foi chefiada por Savio Pereira Sampaio.

E o que a Comissão de Arbitragem fez? Rebaixou os trios das três partidas em questão para “período de reavaliação” na Série B, uma das ações que sempre soam apenas como uma resposta às cobranças de clubes e imprensa, não como uma solução para o problema de fato.

Me parece um tanto quanto absurdo que a esta altura, no fim de 2018, ainda estajamos falando sobre a importância da profissionalização da arbitragem local. Sendo bastante sincero, eu acredito muito pouco que os árbitros atuem com má-fé. É evidente que podem existir alguns casos, mas a maior parte dos equívocos vistos é por questão técnica mesmo.

O árbitro brasileiro, que não é profissional, não tem condições de se preparar da melhor maneira, até porque, para apitar, ele não pode ter diretamente outra profissão. Certamente, uma rotina que envolve treinamento, viagem e jogo impede que a maioria também possa ocupar outras funções.

É absurdo que competições que pagam e recebem valores bastante representativos, de diversas fontes, não se preocupem com um elemento que é fundamental para a justiça dos resultados. Além desse aspecto de dedicação exclusiva à profissão, ainda tem a má qualidade de boa parte dos juízes, situação que apenas a profissionalização não iria resolver.

A Confederação Brasileira de Futebol, que poderia cuidar apenas de sua seleção, deveria se atentar mais ao nível de seus torneios, manchados diretamente por equívocos excessivos. O aumento do investimento na preparação dos juízes se faz mais que necessário, enquanto os relatos são de justamente o contrário, de cortes.

E está mais do que claro que a simples — e importante — implantação do VAR não vai resolver o problema da arbitragem, tendo como exemplo a palhaçada que aconteceu na Argentina no duelo entre Boca e Cruzeiro.

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