JOÃO VITOR CIRILO

Um pouco mais de paciência, por favor

Redação O Tempo


Publicado em 24 de janeiro de 2018 | 03:00
 
 
 
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Podemos dizer que a temporada 2018 dos grandes times do futebol brasileiro começou na terça-feira da última semana, 16, dia em que o Botafogo enfrentou a Portuguesa pela abertura do Campeonato Carioca. Na ocasião, os botafoguenses, que convivem com várias mudanças e um elenco longe de ser considerado candidato a títulos neste ano, sofreram para arrancar um empate no último lance, com gol do ex-cruzeirense Marcos Vinícius.

Talvez ainda por resquícios do insucesso da última temporada, quando o time carioca ficou sem a vaga para a Copa Libertadores — o que pode, sim, ser considerado uma tragédia em um torneio onde nove times avançaram ao continental —, os jogadores alvinegros foram vaiados durante boa parte do duelo. Preocupante. O São Paulo viveu situação parecida no último fim de semana, com protestos do torcedor, evidentemente, relacionados ao que (não) foi visto na temporada passada.

Sem querer amenizar o insucesso de 2017, que é claro, ou defender A ou B, a manifestação de insatisfação ainda nos primeiros passos do novo ano não me parece o mais justa com os atuais elencos. Nossos clubes viveram uma pré-temporada que, em muitos casos, não durou sequer duas semanas. É possível cobrar uma entrega de desempenho eficiente em campo com período tão curto?

Por outro lado, os adversários do interior se preparam há muito mais tempo e é plenamente normal que possam se sobressair fisicamente nesse primeiro momento. Vide os dois primeiros oponentes do Cruzeiro, Tupi e Caldense, que há mais de um mês já treinavam para o Estadual, enquanto a Raposa fez apenas 14 dias de pré-temporada. Do mesmo jeito que uma vitória dos grandes “não é mais que a obrigação”, um empate em jogo amarrado, agora, não é o fim do mundo também.

Como exemplos, basta ver as estreias de Corinthians e São Paulo no Paulista. Os dois saíram derrotados. O Tricolor, dois jogos depois, ainda não marcou. Mesmo que possamos enxergar claras dificuldades que tais elencos poderão ter ao longo da temporada, soa-me injusto querer que, com uma ou duas semanas, qualquer, repito, qualquer equipe do país esteja em ponto de bala. Isso não existe.

Não há fórmula mágica. A evolução vem com os jogos, o bom trabalho da comissão, da retaguarda e dos atletas, além, é evidente, da construção de um grupo vitorioso. O torcedor, a grande mídia e os homens do futebol precisam, logo, entender essa situação.

Após duas rodadas disputadas no Estadual, já podemos perceber em duas oportunidades a dificuldade prevista que destacamos acima. O Atlético, com reservas na estreia, não produziu muita coisa contra o Boa Esporte e não saiu do zero. O Cruzeiro, com algumas mudanças com relação à vitória contra o Tupi, viveu o mesmo cenário contra a Caldense, igualmente fora de casa.

São situações costumeiras para esse início e comuns a vários times da Série A. O número de tropeços nesta etapa em algumas oportunidades supera o de vitórias, o que, em condições naturais, vai diminuir gradativamente com a sequência da temporada. Paciência, torcedor.

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