Opinião

O Espírito Santo de São Paulo e o dogma

Esclarecimento sobre uma confusão teológica histórica


Publicado em 14 de dezembro de 2020 | 03:00
 
 
 
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Em atenção aos constantes novos leitores de O TEMPO, volto ao assunto do Espírito Santo. 

E aproveito para dizer que a doutrina espírita não precisa, para se firmar, do apoio de nenhuma outra religião. Mas como é comum as pessoas de hoje terem mais de uma religião, como é, inclusive, o meu caso, procuro enriquecer minhas matérias com crenças espíritas de outras religiões. E ocorre também muito que questões bíblicas nem sempre são interpretadas, literalmente, pelo espiritismo, o que, aliás, seria um erro, se acontecesse (2 Coríntios 3: 6).

Mas por que as pessoas de hoje costumam ter mais de uma religião? Porque, hoje, elas têm mais conhecimento de várias verdades. E, assim, é frequente elas terem crença numa verdade que, nem sempre, é de sua religião de berço. Ademais, atualmente, ninguém vai ser punido porque crê em doutrinas diferentes da do seu grupo religioso, como acontecia na Europa da Idade Média, quando nos países católicos, cujos reis eram também católicos e unidos, pois, à Igreja, quem era contra ela, era considerado também contra o rei, pelo que, então, era castigado com a pena de morte nas fogueiras da inquisição. 

Uns três séculos depois do ensino paulino sobre o Espírito Santo de que ele é a alma de cada um de nós, da qual nosso corpo é santuário, sendo, pois, o Espírito Santo o conjunto de todos os espíritos humanos (1 Coríntios 3: 16), foi criado pelos teólogos o Espírito Santo do Dogma trinitário. E daí em diante eles passaram a fazer tanta divulgação do Espírito Santo desse Dogma, que o Espírito Santo paulino ficou meio esquecido.

A prova disso é que quando você, que está lendo esta matéria, ouve falar no Espírito Santo, você pensa logo no trinitário e não no que São Paulo ensinou. E mais: o próprio Santo Espírito ou Espírito Santo de Deus ficou também meio esquecido. E surgiu uma grande confusão. Não se sabe se diz “o Espírito Santo do dogma” ou “um espírito santo do ensino paulino”. E foi o primeiro Concílio Ecumênico de Constantinopla, em 381, que oficializou esse Espírito Santo do Dogma trinitário, o qual oficializou também o início da criação da Santíssima Trindade. E a prova de que essa questão é mesmo polêmica é que, cerca de mil anos depois, o Concílio Ecumênico de Lion, em 1274, declarou o Dogma do “Filioque”, ou seja, de que o Espírito Santo do Dogma trinitário procede do Pai e do Filho, o que não foi aceito pela Igreja Ortodoxa Oriental.

Preferimos crer no ensino paulino de que o Espírito Santo é a alma de cada um de nós, da qual nosso corpo é santuário (1 Coríntios: 16). E reiteramos que o Espírito Santo paulino por ser a alma de cada um de nós, ele abrange o conjunto de todos os espíritos humanos.

PS: 1) Tradução deste colunista do Novo Testamento completo: Editora Chico Xavier, contato@editorachicoxavier.com.br (31) 3635-2585; 2) e, com ele, também o programa “Presença Espírita na Bíblia” na TV Mundo Maior.

 

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