Segundo dados da ONU (Ocha), da OMS e do governo palestino, até 15 de janeiro de 2025, aproximadamente 80% das instalações comerciais foram atingidas, comprometendo gravemente a economia local. Além disso, 88% das escolas estão danificadas, dificultando drasticamente o acesso à educação para milhares de crianças.

A infraestrutura também sofreu danos severos: cerca de 68% das redes rodoviárias e das terras agrícolas foram comprometidas, prejudicando o transporte e a produção de alimentos
No setor de saúde, apenas 50% dos hospitais continuam em funcionamento, limitando drasticamente o atendimento médico à população.

Mortes

Até o momento, estima-se que pelo menos 61.700 pessoas tenham perdido a vida, incluindo 17.492 crianças. Mais de 111.588 pessoas estão desaparecidas e presumidamente mortas.
Até 27 de dezembro de 2024, pelo menos 217 jornalistas palestinos, além de três libaneses e dois israelenses, haviam sido mortos no conflito, de acordo com o Comitê para a Proteção dos Jornalistas. Mais de 200 profissionais da imprensa perderam a vida tentando documentar o horror.

O genocídio imposto ao povo palestino expõe a fronteira entre humanidade e desumanidade, uma linha traçada por políticas coloniais que hierarquizam vidas e manipulam a fé para justificar a barbárie.

Nakba

Não é possível reduzir o horror a números, mas eles ajudam a dimensionar a política de morte executada por Benjamin Netanyahu com apoio da extrema direita mundial. O massacre em curso não começou em 7 de outubro de 2023. Ele é continuidade do Nakba, a “catástrofe” iniciada em 1947 com a criação do Estado de Israel, que resultou na expulsão de mais de 750 mil palestinos, cerca de 15 mil mortos e a destruição de mais de 500 cidades.

Por seu compromisso com a defesa da dignidade e da vida, é papel da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Belo Horizonte denunciar a cumplicidade daqueles que, sob a justificativa de acordos em segurança pública, legitimam regimes denunciados internacionalmente por crimes contra a humanidade.

Não se pode normalizar que lideranças políticas mantenham qualquer vínculo com Israel, um Estado que impede a chegada de ajuda humanitária, permite a morte de crianças por desnutrição, promove o colapso sanitário e aterroriza civis com bombardeios diários.

Barbárie

Gaza está em ruínas, e com ela, os pilares civilizacionais da humanidade.

A ideia de humanidade está em constante disputa. Políticas de morte, como as aplicadas na Palestina, desenham um mundo onde vidas são descartáveis. Onde se morre sem escândalo, sem luto e sem memória.

A decisão de quais são os corpos matáveis, não é aleatória, ela é uma ferramenta de poder, legitimada por um sistema que organiza o mundo a partir da exclusão.

A morte do povo palestino é um projeto extremista que transforma o sofrimento em rotina e a barbárie em normalidade.

Precisamos ampliar nosso debate ético. A sensibilidade seletiva, não pode seguir elegendo quais vidas importam!

A revolta política diante do massacre deve ser uma experiência coletiva. O mundo precisa reagir. É preciso resistir à normalização do extermínio, denunciar a desumanização de povos e combater a legalização do terror.

Mecanismos de dominação

Gaza não é exceção. É uma atualização de mecanismos modernos de dominação que, desde sua origem, despojam de humanidade os corpos racializados.

Tais ferramentas que sustentam Israel não servem como possibilidade da instrumentalização da segurança pública em Belo Horizonte. Logo, visitas a esse território não podem ser vistas como articulações políticas, pois estão distantes das necessidades daqueles e daquelas que historicamente são marginalizadas. Pela óptica de Israel, o outro é transformado em alvo, em sub-humano, em estatística.

Não podemos mais aceitar esse modelo de mundo. Não podemos silenciar diante da falência dos condução de humanidade, manchados pelo sangue daqueles considerados descartáveis.