Kênio Pereira

O problema não é o pet, é seu tutor

O direito dos animais não se sobrepõe ao das pessoas

Por Kênio Pereira
Publicado em 19 de maio de 2022 | 03:00
 
 
 
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A cada dia aumenta o número de pessoas que escolheram desfrutar da alegria de ter a companhia de um animal doméstico em casa, pois são vários os benefícios para a socialização entre os familiares. Entretanto, há alguns casos de tutores que agem de maneira desequilibrada, pois, diante de sua paixão pelo pet, entendem que este tem mais direito do que os seres humanos.

A situação chega ao cúmulo de um tutor alegar que seu cão pode latir o dia todo, julgando ser injusto qualquer pessoa reclamar, pois entende que a situação se equipara à de um neném que, ao chorar sucessivamente (talvez por estar sentindo dor), deveria receber o mesmo tratamento, ou seja, ser excluído do condomínio diante de comprovada perturbação ao sossego.

Portanto, o que ressaltamos é a falta de bom senso daqueles que, por amar um pet, de forma egoísta deixam de colocar a focinheira e a coleira no cão por entender ser infundado o temor daqueles que se apavoram ao se aproximar dele no corredor ou no elevador do prédio – como se sentir tal medo fosse opcional. Estes, depois que o animal avança ou morde alguém, fingem que nada aconteceu e continuam a agir de forma inconsequente, propiciando situação de tragédia, como ataques pitbulls e outras raças, que resultam até mesmo em mortes de crianças.

A maioria das pessoas age com respeito e precaução, e, por isso, seu pet é aceito pelos vizinhos. Sabem ser inadmissível deixar o gato ou o cão circulando pelas áreas comuns do condomínio ou soltando dejetos para que a funcionária da conservação os limpe, como se o condomínio pertencesse aos animais e os demais moradores fossem os intrusos.

Por uma questão racional, deve o tutor evitar entrar com seu cão no elevador, caso este esteja com outras pessoas, pois aquela que tem temor de ser mordida tem o direito de ter o seu sentimento respeitado, não significando que a necessidade de manter distância represente falta de bom sentimento quanto aos animais.

Há apenas uma emoção, um desconforto em relação ao qual não cabe julgamento, mas sim o respeito àquele que não gosta de latidos, barulho ou que receia ser molestado. Por isso caracteriza afronta ao direito a postura do tutor de circular com seu cão ou gato sem qualquer controle, solto, ignorando seu dever ter consideração com os vizinhos.

O que temos visto é a humanização dos pets, em especial de cães e gatos, sendo que mais de 95% destes não causam nenhum incômodo e, por isso, as restrições contra os pets nas convenções de condomínios residenciais tornaram-se inócuas. Todavia, há tutor que, ao receber uma reclamação, em vez de pedir desculpas, revida de forma destemperada, defende o pet raivosamente, pois o tem mais que a um filho, sendo esse tipo de conduta a motivadora do repúdio de algumas pessoas por pets.

É essa atitude desrespeitosa que atrapalha a maior aceitação dos animais, que não têm culpa de seu tutor desconhecer o que seja gentileza e respeito, mas acabam herdando as consequências da falta de sensatez e de educação.

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