Além de ver filmes, navegar na internet e trabalhar no computador, aprendi um bocado de coisas durante a quarentena.
Outro dia fui à farmácia comprar tinta para o cabelo. Chegando em casa, em frente ao espelho, quase pinto também as sobrancelhas. Deixei passar do ponto, e os fios, que eram para ser castanhos, ficaram pretos. E agora? Liguei para a amiga que entende dessas coisas... “À medida que você vai lavando, a tinta vai saindo”, ela me diz. Tirei fotos e enviei. E, assim, com tão pouco, íamos nos distraindo.
Há mais de um mês sem ir à clínica veterinária, decidi lavar minhas cachorras no banheiro, uma média e duas enormes. Naturalmente, quem mais tomou banho fui eu. De maiô, debaixo do chuveiro, tentava controlá-las. Uma de cada vez. Quase quebram a porta, tamanho o desespero. Pego a toalha e o secador. Bobagem! Sacodem os pelos e correm para o gramado, deitando e rolando na terra preta que coloquei como adubo. Voltam à estaca zero! Desanimada, deixei pra lá.
E lá fui eu tomar o MEU banho. Debaixo da ducha, estico as mãos para pegar o xampu. Percebo que a espuma sumiu, ou melhor, nem apareceu, e um cheiro estranho impregnava o ambiente. Descubro horrorizada que lavei meus cabelos com um eficiente antipulgas, anticarrapatos, antissarna e, quem sabe, até anticorona.
Voltando às cachorras, a poodle que um dia encontramos na rua sumia em meio ao emaranhado de pelos. Uma vez a cada 40 dias, eu a levava para a tosa, principalmente no verão. Pois é, o pelo cresceu, ficou sujo, embolado, e nenhuma escova resolvia. Decidi comprar um aparelho de tosa pela internet. Por que não? Se outro dia aprendi a pintar e cortar meu cabelo sozinha, por que não tosar os cachorros?
Fim de semana, sentei-me com elas na varanda. Comecei pela Estopa, a poodle que sumiu no meio do pelo. Naqueles mais comprometidos, passei a tesoura até, finalmente, ligar a maquininha. Sucesso!!! Empolgada, fui tosando tudo. Meu marido me ajudou na missão, e, aos poucos, nossa cachorra, de bola redonda, passou a ser uma tábua compridinha, com alguns tufos sobreviventes, entremeados no corpo pelado. Constato que a tosa, esteticamente falando, foi um horror! Mas a alegria dela, em estar livre daquilo, valeu a compra.
Entusiasmada, resolvi tosar também a golden. Só se salvou a minha pit-lata, com seus pelos curtos e tigrados. Tirava fotos e enviava para a amiga, e nesses átimos de alegria tentávamos nos distrair.
Pela internet, aprendi também a fazer máscaras caseiras com camisetas Hering velhas. Fiz meia dúzia, que acabei doando. Em casa, meu único exercício era andar do quarto pra sala e da sala pra cozinha, onde passava um bom tempo inventando modas. Quem é que disse que aquele bolo de banana, sem leite, sem ovo, sem açúcar e sem glúten era maravilhoso? Desistindo de receitas complexas, ia para o fogão com leite moça, chocolate em pó e manteiga e, ansiosa, chutava o balde, a lata e a panela para, com indizível prazer, me esbaldar de brigadeiro.