Laura Medioli

Laura Medioli

Laura Medioli é escritora e presidente da Sempre Editora, responsável pela publicação dos jornais Super, O TEMPO e O Tempo Betim, além da rádio FM O TEMPO e do portal O TEMPO. Formada em estudos sociais, Laura já atuou como professora e se dedica de forma intensa hoje à causa da proteção animal.

LAURA MEDIOLI

Vamos à Feira!

'Livros ocupam nossa cabeça, nosso tempo e imaginação. Ninguém nos leva mais à reflexão do que eles.'

Por Laura Medioli
Publicado em 09 de outubro de 2021 | 03:00
 
 
 
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Para quem está atrás de um bom programa, anote aí na agenda: 2ª Feira Literária de Tiradentes (Fliti), entre os dias 14 e 17 de outubro. Ocorrerá no centro histórico da cidade e contará com apresentações artísticas e literárias, oficinas de leitura, palestras e bate-papo com escritores (serei uma das participantes), sessão de autógrafos, acervo de livros, biblioteca itinerante, programações destinadas ao público infantojuvenil, entre outros.
 
A principal proposta da Fliti é incentivar a leitura por meio do contato com autores (mais de 50 foram convidados) e a comercialização de livros a custo acessível, oferecendo em sua programação atividades lúdicas e literárias para todas as faixas etárias. 
 
E, por falar em eventos literários, nunca me esqueço da primeira vez em que fui a uma Bienal com uma prima, em São Paulo. Fiquei tão entusiasmada que não queria mais sair – para o desespero da prima e de minha tia, que nos aguardava para o jantar. De cafezinho em cafezinho, nosso alimento ali era literatura, que eu engolia com os olhos, com a alma, com a mente e o coração. “Deus do céu! Isso aqui é o paraíso”, pensava, encantada, até a prima, exausta, me retirar à força. 
 
Desde menina cultivo a mania de namorar livros nas estantes. Estudante, gostava de sentar-me no chão das livrarias e, sem o menor constrangimento, pegar nas prateleiras livro por livro, quase aleatoriamente, lendo as orelhas, os prefácios, deliciando-me com a variedade de capas e títulos. 
 
Lembro-me de um sebo no centro da cidade, cujo proprietário se chamava Amadeu. Fui tantas vezes ao local que o simpático senhor acabou convidando-me para trabalhar com ele. Cursando duas faculdades ao mesmo tempo, não seria possível, mas adoraria! Também gostava de frequentar as Edições de Ouro, na avenida Afonso Pena, onde tive a grata surpresa de descobrir Carlos Heitor Conny e tantos outros autores. 
 
Livros ocupam nossa cabeça, nosso tempo e imaginação. Ninguém nos leva mais à reflexão do que eles. Estão ali abertos, disponíveis, prontos para nos dar aquela “cutucada”. Oferecendo-nos palavras que podem ser lidas e relidas quantas vezes necessário for, instigando o raciocínio, trabalhando os sentidos, a inteligência, a emoção. Por meio deles rodamos o mundo, conhecemos pessoas das mais diferentes vocações e culturas, rimos, choramos, nos emocionamos. Aprendemos muito. Aprendemos sempre. 
 
Quando menina, por influência de minha mãe, adorava recitar poesias. De tanto ouvi-las e recitá-las em voz alta, acabei decorando muitos de seus versos. 
 
“Astros! Noite! Tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão!... 
 
... Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes? 
 
Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes?”. 
 
“Choraste em presença da morte? Na presença de estranhos choraste? Não descende o cobarde do forte; pois choraste, meu filho não és!”. 
 
“Navio Negreiro”, de Castro Alves, e “I-Juca-Pirama”, de Gonçalves Dias: poemas que ficaram e que minha mãe, ainda hoje, na hora do almoço, cisma de recitá-los a 200 decibéis de altura, para o divertimento dos bisnetos e doces lembranças dos filhos. 
 
E a mente continua a viajar no tempo, quando aprendi o beabá: “Lili. Olhem para mim. Eu me chamo Lili. Eu comi muito doce, vocês gostam de doce? Eu gosto tanto de doce!”. Será que as crianças de hoje ainda aprendem essas coisas? Com frases tão simples e repetitivas? Seja como for, depois da Lili, nunca mais parei. Romances, ficção, não ficção, biografias, poesias, matérias jornalísticas... Como diz um amigo, nem bulas de remédio me escapam... 
 
A leitura é um vício saudável do qual não conseguimos nos livrar. E aqui vai uma dica para quem quiser se abastecer desse bem: vá à Fliti e carregue-se, afinal, cultura e divertimento nunca fizeram mal a ninguém. 
 
 
Estarei lá, juntamente com Fernando Fabbrini, também cronista deste jornal, autografando o nosso “Só de Bicho”, cuja renda é destinada a organizações voluntárias que cuidam de animais de rua. Além deste, estarei autografando os meus outros três livros (dois de crônicas e um destinado ao público infantojuvenil). Fabbrini lançará durante o evento o seu quarto e ótimo livro, “O Café do Sargento”. Com certeza, um programa bem bacana, cuja entrada e atividades serão totalmente gratuitas para o público. Mais informações no link.

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