LEANDRO CABIDO

A Federação na lama

A lama que devastou Brumadinho respingou na falta de sensibilidade da Federação Mineira de Futebol


Publicado em 29 de janeiro de 2019 | 03:00
 
 
 
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A lama que devastou Brumadinho respingou na falta de sensibilidade da Federação Mineira de Futebol. A tragédia que assolou o país foi incapaz de colocar um mínimo de solidariedade e bom senso naqueles que regem o nosso esporte. Ter a terceira rodada do Estadual no fim de semana foi um absurdo, para dizer o mínimo.

Realmente, não ter os jogos realmente pouco ajudaria de fato, mas mostraria total consternação e poderia ser um grande aviso que mudanças precisam começar para já. A tal frase “não é só futebol” teria todo sentido. Afinal, o que se viu no sábado e domingo, principalmente no Mineirão, foram cenas de total constrangimento. Naquele momento, víamos que, mais uma vez, o lado econômico grita perante o humano.

Houve realmente uma tentativa do Atlético para que não acontecesse o duelo pela manhã de domingo, mas convenhamos, veio tarde demais, já que o pedido aconteceu apenas no fim do sábado. No caso da FMF, apenas uma nota oficial horas antes da partida mostrou o diálogo nulo que sucedeu na realização desse clássico. Já o Cruzeiro, que doou parte da renda para os atingidos da catástrofe e manifestou sua solidariedade pela rede social, não cogitou o adiamento da partida.

Não temos a capacidade de trabalhar o nosso produto. Não temos condições de mostrar ao público e aos próprios anunciantes que se trabalha o futebol de maneira profissional no Brasil.

A federação foi procurada diversas vezes pela redação da Sempre Editora e, em todas as vezes, deixou claro que haveria a partida. Só um comunicado dando satisfação, jogando a culpa no calendário – ele de novo, o calendário. Aliás, isso é só uma prova de que estamos saturados.

Se não havia datas, que se arrumasse uma solução plausível. Ter os jogos foi uma aberração e uma vergonha sem precedentes.

O clássico

Falar do duelo que não deveria ter existido, em um horário impróprio para a prática esportiva, em uma data sem sentido, exigindo qualidade e desempenho de um jogo como Raposa x Galo, não serve de parâmetro algum. Antes disso, nos bastidores, conversa de um lado e de outro, como se todos fossem obrigados a concordar com o outro. Definitivamente, a cada jogo entre os maiores clubes da capital, somos obrigados a ler e ouvir coisas que nada acrescentam para melhorar a qualidade do nosso espetáculo.

Quem perde com isso é o próprio torcedor, que se viu obrigado a ficar em meio a uma guerra estúpida de palavras e assistir a uma peleja de nível técnico mediano.

É difícil fazer uma análise do Atlético, que tem na próxima semana o início da luta na Copa Libertadores da América. O que se viu até o momento foi uma defesa instável, e um ataque que pode ter vencido com facilidade o Boa, mas foi incapaz de agredir o rival por 70 minutos.

No caso do Cruzeiro, o time precisa de fato entrar na temporada. Após três jogos pouco empolgantes, chegou o momento do time ser mais agressivo e acelerar o passo. A esperança fica por conta da entrada dos reforços, que podem ampliar um pouco mais as possibilidades de Mano Menezes.

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