LEANDRO CABIDO

As prioridades, o calendário e o elenco

Redação O Tempo


Publicado em 08 de maio de 2018 | 03:00
 
 
 
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O Campeonato Brasileiro é a competição mais importante do país. É a que dá mais glamour, mais imponência, e é também a mais difícil de se ganhar. Tanto, que algumas equipes que conquistaram a Copa Libertadores de 2003 para cá, ainda não a venceram na era de pontos corridos. E isso se deve muito a dois fatores: qualidade de elenco e calendário. E só para deixar claro, não crio aqui uma disputa entre Conmebol e CBF, vide que seus principais produtos são a glória para qualquer um.

Vamos ao primeiro: é fundamental, em um ano em que se tem mais de 70 jogos, ter jogadores com grande qualidade em todos os setores. Desde o goleiro, até o reserva do atacante. Rodar o grupo é crucial para quem pensa grande. E para ter um novo Brasileirão no currículo, isso se torna obrigatório.

É óbvio que as restrições orçamentárias atrapalham o desenvolvimento de muita gente. Vemos times muito bem planejados, com um grupo extremamente eficiente, enquanto outros se fecham nos 11 titulares e poucas peças no banco de reservas. Para fechar, ainda vemos que os que nem titulares com alguma qualidade tem.

Com essa quantidade de competição – do Estadual até o Mundial, fica humanamente impossível querer disputar tudo. Por isso, algumas equipes fazem o óbvio e priorizam a Copa Libertadores, mesmo que em detrimento ao título nacional.

O segundo fator fecha toda a nossa reflexão: o calendário. Ter o torneio regional nos primeiros anos, faz com que o Brasileiro comece do nada, no meio de abril, apertado com a Copa do Mundo, que começa em junho. Há um claro desdém, ainda mais para quem está em combate em outra frente. É o tal “conseguiremos recuperar mais adiante”, obviamente pela ilusão de não se ter a eliminação, com a clara certeza de que o time chegará até a 38ª rodada.

Desistir da Série A é muito fácil, vide que a conquista do título, muitas vezes, fica polarizada ainda no primeiro turno para três, quatro ou cinco equipes. Além do Continental, também existem aqueles que priorizam a Sul-Americana e a Copa do Brasil, que, importantíssimas, salvam a temporada de muita gente.

Se a nossa principal competição começasse em fevereiro, poderíamos espalhar os jogos pelo fim de semana até dezembro, colocando os outros torneios sempre no meio de semana – como já é, inclusive. Porém, sem a Série A acavalando.

Os clubes ficam em um enorme beco sem saída. Acaba que seus resultados ditam o ritmo de qualquer um, fazendo com que um clube, psicologicamente, não seja audacioso o bastante para levar tudo para a sua sede. Quem está na Libertadores, prioriza a Libertadores; quem está bem no Brasileirão, e está fora da Libertadores, prioriza o Brasileirão; quem não está bem no Brasileirão e está fora da Libertadores, prioriza a Copa do Brasil. E assim, por diante.

Enquanto tivermos um futebol em que se joga dia sim outro não, viveremos assim. E a qualidade? A gente vê diariamente.

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