LEONARDO GIRUNDI

Dia da Consciência

Redação O Tempo


Publicado em 22 de novembro de 2016 | 03:00
 
 
 
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Segunda-feira, no Brasil, é dia de discutir futebol, não é mesmo? Com certeza, a manchete deste como dos demais jornais tratou ontem da rodada do fim de semana. Isso mesmo, a primeira coisa que nos preocupa quando vamos ao jogo é como a torcida vai reagir e como serão utilizados os mortíferos rojões.
Poucos se lembraram ontem do Dia da Consciência Negra. Participei de uma entrevista na TV sobre esse tema e o que falei e ouvi ficou ecoando em minha mente.

Não tenho dúvida que o racismo manchou a história do mundo. Tratar alguém de forma diferente simplesmente devido a sua raça ou sua cor de pele é um absurdo e um crime. O Brasil foi um dos destinos preferidos dos navios negreiros. Barcos que carregavam aproximadamente 400 negros, colocados no porão com algemas, onde ficavam por cerca de 40 dias. Sem sair do lugar, faziam suas necessidades e se alimentavam das comidas jogadas duas vezes por dia pelo alçapão. Se não bastasse isso, muitos morriam durante a viagem, por vários motivos diferentes, e permaneciam no mesmo local até a chegada ao destino.

Em 1888, por meio da Lei áurea, iniciamos, mesmo que de forma errada, a tentativa de mudar essa história que permanece sujando nossas mãos e nossa história.

Ainda hoje, a cada 60 horas, uma nova denúncia de racismo chega às delegacias mineiras. Apesar de uma pequena redução nos últimos três anos, os números ainda são muito altos. Há 25 anos foi criada um lei específica contra o racismo no Brasil. Em nossa Carta Magna de 1988, o racismo foi colocado entre os piores crimes que podem ser cometidos e ainda afirma que somos iguais, exatamente como descrito na Bíblia. Vamos ao texto: “Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei.”

Até quando? O que é isso? Falta de educação? Não sei. Mas vou fazer a minha parte, ensinando os meus filhos sobre igualdade. Ensiando-os a fazer diferença para que também ensinem a muitos. E quem sabe eles não tenham que escrever sobre esse tema no futuro. Crendo que nós podemos também escrever páginas na história, comece você hoje mesmo a fazer a sua parte para um Brasil melhor. Chega de racismo. E punição rigorosa a quem ainda pratica.

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