LOHANNA LIMA

Mano e o exemplo de gestão de grupo

Para ganhar um jogador no elenco, você não precisa criar uma situação para que se perca o outro jogador, e o nome disso é gestão de grupo


Publicado em 07 de fevereiro de 2019 | 03:00
 
 
 
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Os jogos contra Patrocinense e Villa Nova trouxeram ao torcedor do Cruzeiro uma boa surpresa. O lateral-direito Orejuela – que chegou ao clube nesta temporada – fez exibições de destaque e logo chamou atenção. Diante do Leão do Bonfim, o colombiano colaborou com uma assistência para o primeiro gol do jogo marcado por Fred. Por ter agradado também na estreia, parte da torcida celeste começou a vislumbrar uma possível titularidade do recém-chegado, e um dos motivos – além da boa impressão que Orejuela deixou – é o fato de que Edílson não é unanimidade.

Edílson chegou ao Cruzeiro após um esforço da diretoria para tirá-lo do Grêmio, onde havia sido campeão da Libertadores e da Copa do Brasil. Durante toda a temporada passada, o lateral não teve uma sombra na posição – uma vez que Ezequiel nunca conseguiu boas atuações com a camisa azul. Para muitos, Edílson está devendo. Para outros, ele foi apenas regular até aqui, e isso é pouco.

No meio de tudo isso está Mano Menezes com o poder de decidir quem joga ou não. Com mais de dois anos e meio de trabalho interrupto à frente do Cruzeiro, a gente já conhece bem o treinador, sua filosofia, e sabemos que ele tem o grupo na mão. E isso se deve muito pela sua tentativa de ser justo com o plantel que ele tem, de acordo com suas convicções. Após o jogo contra o Villa, Mano tratou de frear a empolgação por Orejuela e destacar que o titular da posição é Edílson. Deixou claro, posteriormente, que o mesmo vale para Dodô e Egídio do lado esquerdo.

Mano tem fama de teimoso. Eu mesma custei a me acostumar com o jeito dele e demorei muito para entender certas insistências por alguns jogadores ao longo dessa segunda passagem pelo Cruzeiro. Algumas eu não entendi até hoje. Neste caso das laterais, no entanto, eu concordo com o Mano. O grau de dificuldade que se exigiu de Orejuela até aqui passa longe do que Edílson enfrentou no ano passado. É ótimo ver que o jogador já demonstrou qualidade, mas é cedo para pedi-lo como titular após esses dois jogos.

Estou totalmente de acordo com o torcedor que pensa que Edílson precisa jogar e ver que tem um concorrente pedindo passagem no banco pode fazer muito bem a ele. Creio que a briga entre Dodô e Egídio será muito boa pela esquerda também. Porém, o melhor disso é que, tendo dois jogadores de qualidade em cada uma das laterais, considerando que o time tem quatro competições a disputar em 2019, quem ganha é o Cruzeiro. O Mano sabe disso e, por essa razão, deixou claro que é preciso ter respeito por quem foi campeão pelo clube há tão pouco tempo.

Para ganhar um jogador no elenco, você não precisa criar uma situação para que se perca outro, e o nome disso é gestão de grupo – algo que Mano Menezes, no Cruzeiro, sabe fazer como ninguém. 

 

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