Nunca se observou uma era em que o discurso do amor fosse tão presente. Fala-se em respeito, dignidade e tantos outros atributos essenciais à boa convivência entre os seres humanos. Fala-se em saúde, qualidade de vida e longevidade. Esta geração busca encontrar equilíbrio no cuidado consigo mesmo, no respeito à vida, às crenças e à individualidade do próximo.

Em uma mesma proporção, assistimos, boquiaberto, ao crescente número de pessoas com depressão, crise de pânico e outras doenças dessa ordem. Como consequência óbvia desse quadro, o aumento do número de suicídios é assustador. Vivemos uma verdadeira pandemia da morte.

O Brasil é o oitavo país do mundo em número de suicídios. Em 2012, registramos mais de 11 mil mortes. A média é de 30 pessoas por dia. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que, a cada 40 segundos perdemos uma pessoa para o suicídio e, a cada três segundos, uma pessoa tenta tirar a própria vida. Para estes, a chance de reincidência é de cinco a seis vezes maior. Metade das pessoas que consumaram o ato já havia tentado o suicídio em algum momento.

Diante desse cenário, é impossível não indagar: onde está o erro? Se vivemos em uma sociedade que tanto valoriza o amor e a tolerância, por que tantas pessoas desistem de si próprias? Talvez a resposta esteja muito mais acessível do que imaginamos. Há um padrão no discurso de muitas pessoas que venceram o suicídio. A dor delas parecia invisível ao outro. Sim, a sociedade que discursa o amor muitas vezes é incapaz de praticá-lo com quem está bem ao lado.

Não há tempo para ouvir o outro, nem sequer para olhar nos olhos e reconhecer a singularidade de cada um. Estamos muito ocupados com os nossos próprios problemas.

Hoje, Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, o planeta desacelera para refletir acerca do valor da vida. O Setembro Amarelo surgiu nos EUA, na década de 90. Mike Emme, um adolescente, enfrentava sérios problemas, mas aqueles que estavam próximos não perceberam. O garoto tinha um Mustang amarelo “de estimação”, razão pela qual ganhou o apelido Mustang Mike. No seu enterro, seus amigos levaram fitas amarelas, que significavam: “Se precisar, peça ajuda”.

Portanto, sejamos mais humanos aos que estão bem perto de nós. Um simples abraço ou a escuta sincera e atenta pode salvar uma vida. Quero também me dirigir a você, que está sem esperança. Sua vida é muito valiosa, e você tem uma missão especial aqui, na Terra. Não desista: “Se precisar, peça ajuda”.