Ontem encerramos a primeira etapa de um quadriênio que será desafiador. Elegemos os vereadores que responderão pelas leis dos 853 municípios mineiros e pela fiscalização das atividades do Poder Executivo local. As eleições foram atípicas. Mudança de data, protocolos de segurança e preocupação com possíveis aglomerações. Certamente, um momento histórico que reforça a supremacia republicana e sua importância para garantia do regular andamento da democracia.
Independentemente dos que foram eleitos, o trabalho começa agora. Culturalmente, o Legislativo fica um pouco esquecido quando vamos falar de política. Centramos opiniões, esperanças e responsabilidades nas figuras do chefe do Executivo e nos esquecemos da importância do legislador. Aliás, muitos não sabem sequer o que estes podem ou não podem fazer.
Embarcamos neste trem do esquecimento, e, ao fim de quatro anos, desembarcamos em uma estação sombria e deserta. Uma estação perigosa, em que o próximo trem só virá em quatro anos.
De 2013 a 2016, por exemplo, 60% dos projetos de lei que foram votados na Câmara Municipal de Belo Horizonte trataram de nomear ruas, conceder título de utilidade pública e criar datas comemorativas. Até projeto de lei proibindo a venda de água de coco no próprio fruto tivemos. Não obstante a renovação verificada nas eleições de 2016, quase metade dos antigos vereadores permaneceu. Em um cenário desses, parecia que a cidade não precisava de mais nada, e tudo estava na mais perfeita harmonia. Que engano.
Os novos vereadores terão a importante missão de criar um ambiente totalmente voltado para a retomada do crescimento. Leis pró-cidadão que priorizam direitos individuais, em detrimento de um Estado grande, leis que geram oportunidades em vez de entraves; leis que visam ao futuro, no lugar de leis ultrapassadas, que tutelam realidades que não mais existem. Não temos tempo para perder com projetos insignificantes. Precisamos virar o jogo, mudar a cidade.
Do ponto de vista político, ao mesmo tempo em que a Covid-19 colocou diante de nós uma pedra que interrompeu a retomada econômica, nos arremessou também para uma nova e rápida realidade. Agora, precisamos mais do que nunca de cortar o cordão umbilical que nos faz dependentes do Estado e nos projetar para o futuro. É preciso estabelecer cidades inteligentes, onde há espaço para o empreendedorismo, redução do desemprego e melhoria na qualidade do ensino. Cidades inteligentes possuem infraestrutura adequada para escoamento de produção e para o trânsito seguro e eficiente dos cidadãos. Temos muito trabalho pela frente.
Como eu disse em meu último artigo, na fase pós-eleição, você não está legalmente obrigado a acompanhar as atividades políticas de seu município, mas possui um dever cívico e moral de monitorar a atuação de cada um dos representantes, e o que eles efetivamente fazem para melhoria da vida dos cidadãos. Você precisa conhecer a ideologia que norteia os votos e os projetos de cada um deles. Este compromisso deve gritar na mente e no coração de cada um de nós.
O trem só passa de quatro em quatro anos, mas o curso da viagem é traçado diariamente por uma tripulação que se chama “povo”. Como bons mineiros, não podemos perder este trem. Você também é responsável.