Lucas Gonzalez

Obrigação do que?

Direito, privilégio e responsabilidade do voto


Publicado em 02 de novembro de 2020 | 03:00
 
 
 
normal

A cada dois anos, milhões de brasileiros vão às urnas eleger seus representantes. O dever constitucional do voto não nos deixa outra opção. Todos precisamos comparecer. Há aqueles que amam votar e que conseguem enxergar nos candidatos propostas eficientes e que trarão melhorias para nossas cidades. Já outros são totalmente descrentes e encaram o voto como um fardo. Sentem-se enganados e comparecem às urnas por mera obrigação.

Quer convictos do poder do voto, quer descrentes da sua força, o fato é que todos compartilham a responsabilidade pelo sucesso ou insucesso das medidas que serão adotas nos próximos quatro anos. Isso significa que pouco importa o nível de entusiasmo que cada um de nós tem. A conta chega à casa de todos. Infelizmente a urna não consegue distinguir o voto consciente. Ela apenas chancela escolhas, sejam bem ou mal feitas.

A história do sufrágio universal é de emocionar qualquer um. Muitos deram a vida para que hoje tivéssemos essa “obrigação.” A conquista foi penosa, porque o voto tem, em sua essência, um poder imensurável de mudar realidades. Se não fosse assim, aqueles que detinham esse monopólio não teriam tanto medo de compartilhar com os demais o direito à representação.

A representatividade significa muita coisa, entre elas observar a materialização dos votos em políticas públicas eficientes, em leis mais justas e adequadas à realidade. É pelo voto que damos aos líderes comprometidos com a boa governança, a oportunidade de revolucionar a educação e o nosso mercado de trabalho. É a chance de garantir aos nossos filhos o país que não tivemos.

O ser humano, contudo, facilmente se acomoda. Nós nos acostumamos com o voto e passamos a encará-lo muito mais como obrigação do que como privilégio. Esquecemo-nos por completo de que é por meio dele que temos a oportunidade ímpar e igualitária de escrever, a próprio punho, um novo capítulo na história do nosso país.

Não podemos ignorar o sacrifício que tantos patriotas fizeram no passado, nem fechar os olhos para o futuro daqueles que ainda não podem votar. Pense nos problemas que nos afligem diariamente e que poderiam ser solucionados por leis menos burocráticas. Essa não é só a chance, mas a responsabilidade que carregamos de fazer parte da mudança.

A indignação é muito mais simples e fácil do que a ação. Revoltar-se com o que está posto tem validade só se gerar uma mudança de comportamento. No caso de nós, cidadãos, a repugnância com a política não nos ajudará se não dermos a devida atenção ao voto.

Se insistirmos na ideia de votar apenas por obrigação e chegarmos diante das urnas sem conhecimento das propostas daqueles em quem votamos, com toda certeza seremos cúmplices dos retrocessos políticos de nossa cidade.

Infelizmente, é comum ouvir frases do tipo: “para que votar se nada vai mudar”, ou ainda “o candidato que lidera as pesquisas já está com a vitória nas mãos, não há mais nada que possamos fazer”. Pensamentos fatalistas como esses apenas nos colocam no alçapão da miséria e na contramão da democracia. Somos mais fortes do que pensamentos simplistas como esses. Histórias muito recentes no Brasil – as quais todos assistimos e participamos – mostram como nós, o povo, temos capacidade de mudar drasticamente situações que estão impregnadas na política – 2014 não me deixa mentir.

Dedique um tempo para ler e entender quais são os objetivos de cada candidato e o que fizeram quando ocuparam estas cadeiras. Estude também o partido de cada um deles e as prioridades dessas agremiações. Conheça mais de perto os problemas específicos da sua cidade e tire suas conclusões.

As eleições municipais estão chegando e a nossa a obrigação vai muito além de copiar os números da “cola” em uma urna. A nossa obrigação está diretamente vinculada ao desenvolvimento da nossa cidade e ao bem estar daqueles que estão a nossa volta.

Nossa obrigação é com a sociedade, é com as gerações futuras, é com o crescimento econômico e com a geração de emprego e renda. O seu voto obedece às leis da física de ação e reação. Se você votar mal, colherá as consequências, e se votar bem, terá o privilégio de ver florescer a semente que você mesmo plantou.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!