Não há dúvidas de que o atual governo de Minas assumiu um Estado em frangalhos, política, administrativa e economicamente, o que nos causou e ainda reforça, com vigor, o desprestígio que hoje vivemos diante de todo o país. Minas já foi o espaço político onde grandes decisões nacionais nasceram ou foram referendadas, especialmente pela qualidade dos nossos representantes nos Poderes constitucionais. Hoje, essas são lembranças distantes na história. Mandamos em nada, influímos em coisa nenhuma, e atualmente a nossa presença no plano federal se resume a um ministério que se tornou de pouca ou mínima importância, sem verbas, sem planos, sem perspectiva de mudar um setor que em outros países é de fundamental representatividade nas suas economias.

No único projeto de fôlego de que se ocupou o governo Bolsonaro, a reforma da Previdência, nenhuma voz de Minas foi marcantemente ouvida, nem contra, nem a favor, senão em pequenos atos midiáticos na criada Comissão da Reforma, quase sempre para fazer coro e apoiar a deputada Maria do Rosário, que é sistematicamente contra tudo disponível à própria vista.</CW>
Mas essa pobre realidade não deveria ser, como é sempre, uma desculpa para o atual imobilismo do governo de Minas; estamos engessados, parados no mesmo lugar, acumulando recursos em caixa, como é sabido, e com os municípios em estado de fome, com serviços não prestados dignamente, como na educação, na saúde e na segurança – para resumirmos aí o rol de obrigações inadiáveis de toda administração pública.

Assistimos ao fechamento das vagas nas escolas de ensino integral, ao precário funcionamento das unidades de saúde sem profissionais nem medicamentos básicos, ou com seus serviços transferidos para os miseráveis municípios, e à segurança fazendo de conta que atua. Inúmeras comarcas sem juízes nem promotores, sem delegados de polícia, sem escrivães nem investigadores, o que impossibilita que prisões sejam feitas ou deixem de ser realizadas legalmente. Uma matéria recentemente veiculada pelo portal G1 denunciou a falta de escrivães de polícia nas delegacias. Representações ou queixas não podem ser registradas, detenções e flagrantes não são relatados, inquéritos não são abertos, tudo por falta de meio, do funcionário público por quem passa a história do crime, e aí se emperra todo trabalho; isso apenas para dar um exemplo.

Fala-se muito em privatização, delegação, concessão, desburocratização, o que é correto e muito oportuno, mas o Estado brasileiro, Minas idem, precisa sair do discurso e rever os excessos que ocupam, oneram e dificultam a vida de toda a sociedade. Temos poucos recursos, é verdade. Mas com foco, vontade e trabalho, isso se resolve.