O mundo enfrenta com absoluta apreensão o quadro de propagação do coronavírus, certo de que as consequências dessa pandemia repercutirão não apenas na saúde, mas na vida dos países, com sérios agravos nas relações internacionais, e na economia, especialmente na produção e no trabalho.
Na China, onde o mal fora há mais tempo identificado, ainda que ameaçando uma população de 1,6 bilhão de pessoas, a autoridade pública agiu com a celeridade e o equilíbrio necessários para combater um inimigo comum a toda a nação. Hospitais gigantescos foram construídos, centros de pesquisa receberam investimentos e foram mobilizados para essa luta, recursos bilionários não faltaram, e a realidade é que, diante da maior população do mundo, as informações oficiais dão conta de que os casos de novos infectados estão em 11 pessoas nos últimos dias. O governo colocou-se inteiro na solução de um problema que poderia ter uma amplitude gigantesca. Não houve espaço para firulas, para desatinos políticos e picuinhas do gênero. “Cão danado, todos a ele” para que o coronavírus fosse tratado prioritariamente como um mal que afetava todo o país, enfrentado e, ao que se percebe, contido.
Incapazes de gerar soluções com a mesma eficiência, começam a aparecer grupos aplicados em dizer que tal pandemia foi uma criação estratégica da China, para reduzir os preços das suas importações. Acusam ainda a China de provocar uma crise de desvalorização das ações de empresas nas Bolsas internacionais para assim adquirir o controle das maiores e mais estratégicas empresas multinacionais. Sobra imaginação aos que não querem discutir a incompetência, a nossa incompetência na concepção e na ação para diminuir os agravos que já se notam na economia mundial. Mais uma vez – esperemos – o PIB brasileiro será salvo pelo agronegócio. Se houver a redução, como se espera, da atividade industrial, dos serviços e do comércio internacional, a produção e o consumo de alimentos deverão ser o segmento menos afetado. E aí, felizmente, temos o que colher e vender aos mercados internacionais.
A sorte será nossa mãe mais uma vez nestes próximos dias, porque não há, senão pontualmente e em alguns pequenos espaços, medidas efetivas para se evitar a propagação dessa praga. Até o presidente da República, antes suspeito de estar infectado – e Deus permita que não esteja –, achou tempo e público para dar beijinhos, fazer selfies e cumprimentar admiradores e puxa-sacos. Estes são ignorantes que acham patriótico carregar faixas e gritar pelo fechamento do Congresso e do Judiciário, para que o poder se concentre nas mãos de alguém que se deixa mandar por filhos imbecis e meia dúzia de lambe-botas e que, mesmo tão ovacionado e “mitado”, não consegue fazer o país crescer, gerar empregos para milhões de desempregados e tirar grande parte da sociedade da miséria.
Faltam ao país reformas profundas, falta o enfrentamento da agiotagem dos bancos, da cobrança desestimulante de impostos e uma mais qualificada execução orçamentária. Onde está o projeto de privatização das companhias que só exploram o tesouro e dependuram empregos? E o expurgo dos grandes privilégios? Falta governo onde a nação demanda. Sobram ameaças, ódios medíocres, frases de efeito e enrolação.