MÁRCIO COIMBRA

Brasil e EUA: Resgate exterior

O reposicionamento de nossa política externa abre um novo leque de oportunidades


Publicado em 17 de dezembro de 2018 | 03:00
 
 
 
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O reposicionamento de nossa política externa abre um novo leque de oportunidades diante deste novo horizonte que estamos presenciando. De um certo modo, a eleição de Jair Bolsonaro pode representar finalmente o último capítulo de uma divergência temporal e ideológica entre Brasil e Estados Unidos. Neste momento, está colocada a oportunidade de convergir, compartilhando valores e interesses comuns, um movimento que tende a gerar enormes benefícios para os dois países.

O Brasil passa por um movimento de liberação das amarras ideológicas, que impediam as relações bilaterais de serem aprofundadas de forma natural e recíproca. Tudo leva a crer que estamos diante de uma oportunidade única de formar o que o chanceler Ernesto Araújo chamou de “comunidade de sentimentos”, aproveitando nossa matriz ocidental comum, para gerar ganhos mútuos, fortalecer a democracia na nossa região e ampliar comércio e investimentos.

Nossa pauta com os Estados Unidos é ampla, mas também objetiva, passando por aspectos políticos e econômicos. A pauta passa pelo alinhamento da ideia de que devemos evitar a imposição de valores que não correspondem à maioria da população e, neste ponto, reside evitar excessiva dependência de outras potências, que foi resultado da negligência às relações com os americanos nas últimas décadas.

Além disso, diante de um parceiro que divide a mesma visão de mundo, faz todo sentido que os americanos nos apoiem para ingresso na OCDE, ajudem a viabilizar comercialmente a Base de Alcântara, forneçam acesso a bens sensíveis, impulsionem a integração de nossas indústrias de defesa e garantam abertura e remoção de barreiras comerciais de maneira recíproca, inclusive no agronegócio. Todo esse movimento pode ser construído neste momento histórico, algo que fortalece os laços entre as nações e aproxima as duas economias.

Estamos diante da oportunidade de destravar as relações Brasil-EUA, para que ganhem dimensão verdadeiramente estratégica, rompendo amarras ideológicas que impediram uma convergência mais profunda, ancorada em valores compartilhados e na coincidência de visões de mundo. A visão estratégica necessária para dar essa virada requer certa ousadia, deixando de lado velhos preconceitos derivados do antiamericanismo que marcou a esquerda e a visão diplomática tradicional.

A comunidade de sentimentos e valores deve se fazer acompanhar de uma comunidade de interesses comuns, cujos laços permitirão solidificar a parceria estratégica bilateral. Recalibrar essa relação passa por uma mudança de estratégia de operação brasileira em Washington e deve eleger algumas prioridades iniciais capazes de gerar resultados no curto prazo, abrindo caminho para novos voos. Isso garantirá que essa convergência se traduza em resultados concretos para benefício da sociedade brasileira. Chegou o momento de destravar uma profícua relação bilateral histórica, adormecida pelas amarras ideológicas do passado.

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